quinta-feira, 5 de março de 2009

O príncipe maldito

Comecei a ler O príncipe maldito, de Mary del Priore, que é uma historiadora especializada em história do Brasil - mais especificamente, no Segundo Reinado. O livro conta justamente a história do final do reinado de D. Pedro II e todas as movimentações de tabuleiro para a sua sucessão.

D. Pedro II não teve filhos varões, apenas duas princesas: D. Isabel (a Redentora) e D. Leopoldina. As duas casaram quase ao mesmo tempo, mas foi Leopoldina quem teve o primeiro herdeiro - D. Pedro Augusto (o "príncipe maldito" do título), a cara do avô e seu inegável xodó.

D. Pedro Augusto, a cara do avô.

Quando D. Isabel finalmente teve seu primeiro filho, depois de mais de 10 anos de casamento, começaram as articulações políticas para que Pedro Augusto assumisse o trono brasileiro, em vez do filho da Isabel "carola" e do francês imundo (apelido "carinhoso" do Conde D'Eu). Pedro Augusto era o franco favorito da elite brasileira, enquanto D. Isabel tinha a lei de sucessão ao seu lado. D. Pedro II, homem de índole pacífica até demais, com problemas graves de saúde, assiste ao circo pegar fogo...

Adoro a forma de escrita da Mary del Priore porque ela contextualiza todo o processo, relatando fatos históricos, mas não deixa de fornecer um pedaço de cotidiano das figuras sisudas que conhecemos dos livros de História. São pessoas que amam, que choram e que sofrem desilusões como eu, você ou qualquer outro plebeu. O drama de D. Isabel para engravidar, de D. Pedro Augusto, órfão de mãe com apenas 6 anos (Leopoldina morreu de febre tifóide aos 23 anos) e afastado do pai alemão para ir morar no Brasil... são tragédias pessoais que forjaram a história do país. As cartas que Leopoldina troca com a irmã depois de casada são muito graciosas. Aqui vai um trechinho:

Minha querida Isabel

Como vai passando com seu maridinho? Eu estou em perfeita saúde assim como o meu. Eu vivo muito feliz com o meu Caro; Gusty [apelido do marido de Leopoldina] é excelente para mim. Eu faço tudo o que quero, ele quer, bem entendido, porque a vontade dele é a minha... Mon bien assorti époux — meu marido cheio de qualidades — tem feito lindas caças de pássaros... O tempo que passei sem Gusty pareceu-me compridíssimo. Adeus... saudades a D. Gaston e meus cumprimentos mais afetuosos aos outros.

Sua mana muito do coração e madrinha

Recomendo o livro com louvor.

6 comentários:

  1. Olá Elaine valeu pela dica me pareceu ser mto interessante...BjOs

    ResponderExcluir
  2. Nossa, conseguiu me deixar com vontade de ler, sempre tenho uma quedinha por livros sobre a história que mostrem personagens com sentimentos reais, afinal, eles eram humanos, não?!

    Aliás, você já leu aquele 1808? O pessoal tem falado tanto e queria saber a opinião de alguém que tivesse lido.

    ResponderExcluir
  3. Não li o 1808, mas olha que coincidência! Encomendei-o ontem mesmo no Submarino.

    Eu também adoro História e, principalmente, essa forma de narrativa da Mary del Priore. Meu verdadeiro sonho de consumo literário é a coleção "História da vida privada" e "História da vida privada no Brasil", que faz um raio-X dos hábitos, costumes e cotidiano de diferentes épocas históricas.

    ResponderExcluir
  4. Adoro história. Parece interessante, valeu a dica!
    Um fim-de-semana maravilhoso pra vc!
    Bjos,
    Paulinha

    ResponderExcluir
  5. Olá Elaine
    Sou Antônio Mendes faço história na Universidade Estadual da Paraíba, estou lendo O Princípe Maldito a professora indicou é `` um romance de não ficção ´´ como fala Eduardo Bueno.

    ResponderExcluir