quinta-feira, 30 de julho de 2009

Filme: Amadeus

Para alguém que gosta de música clássica, é meio inconcebível que eu nunca tenha visto Amadeus, a cinebiografia (mais ou menos, né) do Mozart. Mas, essa semana, descobri que meu cunhado tem um DVD do filme e resolvi vê-lo.

Primeiro de tudo, vou ter que fazer isso em etapas, porque Amadeus tem quase três horas e chego muito cansada do trabalho, não dá pra ver tudo de uma tacada só. Ontem vi o "primeiro capítulo", digamos assim, e já achei algumas coisas meio complicadas. Vejamos:

Mozart e sua risada bizarra (???)

1) A caracterização de Salieri - Meu Deus, o que fizeram com o pobre? Transformaram o Salieri num invejoso homicida, quando o cara foi até amiguinho do Mozart, chegando a ser professor de piano de um filho dele. Tsc, tsc.

2) A risada de Mozart - Creio que cada pessoa tem direito a possuir suas idiossincrasias, e não sou ingênua de supor que Mozart não tinha nenhuma. Mas aquela risada ridícula?! De onde tiraram que ele ria daquele jeito estapafúrdio?

3) Constanze Mozart - Gostaria muito de acreditar que a mulher que conquistou um gênio como Mozart não se comportava como a completa debilóide que é retratada no filme.

Obviamente continuarei a ver o filme, mas sem a mesma animação do início. Fica a pergunta: por que inventar tanto em cima de uma vida que já foi incrível por si só?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tricotando

Todo inverno, baixa o espírito de dona Filó em mim e me ponho a tricotar.

Aprendi tricô há quatro anos, quando estava desempregada e precisava urgentemente de uma ocupação para não enlouquecer. Mamãe me ensinou o básico: montar os pontos na agulha, fazer os pontos tricô e meia e fechar o trabalho. Foi o suficiente para fazer um cachecol e um gorro, além de aprender combinações dos dois pontos básicos que formam uma infinidade de padrões diferentes.

De vez em quando pego minhas agulhas, principalmente quando as primeiras frentes frias dão conta da chegada do inverno. E, esse ano, voltei com tudo para o hobby (mais do que um hobby, tricô é uma terapia, um anti-stress maravilhoso).

Ontem terminei um cachecol para mim e já estou trabalhando em um idêntico para a minha sobrinha. Depois, será um gorro para um sobrinho, outro gorro para o outro sobrinho, cachecóis para o pessoal do trabalho... Do jeito que a lista de pedidos aumenta, só vou parar de tricotar no inverno do ano que vem!


Esse é o cachecol que fiz essa semana. A quem interessar possa, foi feito com lã Pengouin Quartzo cor 1176, agulha 7 e ponto ventania (*1 ponto sem fazer, 1 laçada e dois pontos juntos em tricô*, segue de *a* até o final da carreira. A carreira tem que ser montada com pontos múltiplos de três - esse cachecol da foto foi feito com 21 pontos).

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Quinta musical: Feist

Tenho falado muito pouco sobre músicas e filmes (até mesmo sobre livros), transformando o blog numa espécie de diário das bizarrices que acontecem comigo. Não era bem essa a proposta desse espaço, mas, tudo bem: prefiro pensar que sigo a filosofia do Seinfeld, de falar sobre o nada e não delimitar demais o espaço do blog.

Bom, isto posto, coloco aqui uma dica musical: a cantora e compositora canadense Leslie Feist.

Conheci a cantora por causa do filme The Jane Austen Book Club. Lá para o final do filme, há uma longa sequência de cenas embalada por uma música que achei belíssima. Fui procurar e era So sorry, da Feist:



Fiz mais algumas buscas na internet e descobri que também é dela uma música do comercial da Lacoste em que um rapaz vai pulando de toco em toco na beira da praia:



O resultado de tudo é que me apaixonei pela música que ela faz. Esse ano ela anunciou uma pausa na carreira, porque passou a fazer muitos shows e ficou sem tempo para criar. Alguns acham que a pausa pode ser permanente, e os otimistas como eu esperam que seja apenas um hiato que vá estimular sua criatividade e nos dar mais presentes como So sorry, My moon, my man, I feel it all, One evening...

domingo, 12 de julho de 2009

Adaptações e adaptações

Esta semana tomei dois sustos. É que dois dos meus autores preferidos estão tendo suas obras adaptadas, e vi dois trailers - de um filme e uma série - dessas adaptações. O motivo do susto é que, pelo que ficou mostrado, as duas adaptações parecem modificar muitas coisas do original.

Não que necessariamente isso seja uma coisa ruim. Não sou "fãndamentalista", de achar que uma adaptação tem que ser exatamente igual ao original. Mas algo não bateu legal em um dos trailers. Vamos por partes:

1) Sherlock Holmes

O meu detetive preferido vai virar filme a ser lançado esse ano. Quem dirige é Guy Ritchie (ex-Madonna), que tem uns filmes de ação bem legais (gosto especialmente de RocknRolla). É uma escolha inusitada de diretor, visto que Sherlock é super cerebral e raramente recorre ao seu passado como pugilista para pegar os bandidos.

Quando vi o trailer, percebi que Guy imprimiu seu ritmo: a impressão que deu é de um 007 na Inglaterra vioriana. Sherlock soca oponentes, luta muito e flerta intensamente com Irene Adler (que não se chama Amélia, mas que ele diz ser a "mulher de verdade" no conto Um escândalo na Boêmia). Bem diferente, portanto, do detetive fleumático e quase assexuado a que estamos habituados.

Tudo considerado, não achei uma alteração ruim e vai servir para dar uma olhada numa personalidade alternativa. É como se fosse aquele Planeta Bizarro dos quadrinhos do Superman, em que tudo é ao contrário. Tendo isso em mente, pretendo me divertir bastante vendo esse filme - ainda mais que quem faz Sherlock Holmes é esse fenômeno que se chama Robert Downey Jr.

2) Emma

Depois de anunciar a morte do drama de época na sua grade de programação, a BBC nos dá a derradeira oferenda à Jane Austen: uma adaptação de Emma. Está longe de ser meu romance austeniano favorito, mas Emma tem certas particularidades que não vi no promo liberado pela rede de TV britânica.

Foi um susto quando anunciaram oficialmente que Jonny Lee Miller (de Eli Stone) interpretaria o austero sr. Knightley. Cara de novinho, aparência muito descansada e marota, o ator não tinha nada que pudesse sugerir um homem de quase 40 anos, sisudo e dono de uma propriedade, com várias pessoas sob sua influência (como Knightley é descrito do livro). E, depois de ter visto o trailer, sorry: o erro de casting se confirmou, infelizmente. Ele é risonho e não passa o ar grave que Knightley deve ter. Sem contar na suprema injustiça de tê-lo interpretando, pela segunda vez, um herói austeniano (ele foi Edmund Bertram naquela versão grotesca de Mansfield Park).

Há uma cena que me incomodou demais. Nela, Emma chora convulsivamente e diz a Knightley que o ama, mas que não pode se casar com ele. Depois, sai correndo, desesperada. Ora, isso não condiz em nada com a personalidade de Emma!

Parece contraditório que eu goste de uma adaptação que muda totalmente a personalidade do Sherlock Holmes, mas fique irritada com outra que altera a de Emma Woodhouse. Eu digo que não. Se for para mudar um personagem, prefiro como Guy Ritchie fez: mudou logo tudo, subverteu a ordem. Porque, se é para deixar Emma quase igual ao romance, para que enfiar uma cena piegas daquela e que nada tem a ver com o personagem original?

Mas Jane Austen é vício, e mesmo a pior adaptação de sua obra merece uma vista, nem que seja para falar mal.

sábado, 11 de julho de 2009

Psiu!

Estou parada na calçada, esperando para atravessar a rua. A meu lado, uma moça me chama: "Psiu!"

Olho para ela, esperando que me faça um pedido de orientação, me pergunte onde é rua tal, etc. Mas, para minha surpresa completa, ela me diz:

"Senti uma vontade muito grande de lhe falar, quer que eu jogue umas cartas para você?"

Eu devo ter ficado com uma cara de interrogação muuuuito grande, porque ela repetiu o oferecimento:

"É que eu jogo tarô, tarô cigano... Quer que eu leia as cartas para você?"

Educadamente recusei, mas fiquei com a pulga atrás da orelha a manhã inteira: o que será que a moça "sentiu" a meu respeito para que tenha essa vontade tão grande de ler cartas de tarô para mim?

Obs.: juro que a história é verdadeira, e ocorreu essa semana mesmo.

domingo, 5 de julho de 2009

Meu celular, minha vida

Há pessoas (e não são poucas) que assumem um relacionamento quase orgânico com seu celular. O aparelho vira extensão por completo do usuário, de tal forma que essa pessoa não consegue viver sem ele.

Eu não sou nenhuma usuária hard de celular, muito longe disso: falo estritamente o necessário, envio alguns torpedos e só recentemente é que fui usá-lo para outros recursos, como ouvir músicas e enviar foto-torpedos. Por outro lado, não fico facilmente espantada com o nível de simbiose que algumas (ou muitas!) pessoas desenvolvem com o aparelho. Dou de ombros e digo que são sintomas da pós-modernidade, ou algo que o valha.

Mas nada me preparou para o que testemunhei hoje, voltando da casa dos meus pais para o Rio de Janeiro.

No ônibus de viagem, senta-se ao meu lado uma mocinha de uns 17 ou 18 anos que simplesmente não largava o seu celular (ela até poderia ter mais, talvez 20 e poucos anos. Sou péssima para avaliar a idade de outras pessoas). Entrou no ônibus já agarrado nele, falando com alguém, e assim continuou por um bom trajeto da viagem. Nada parecia interromper sua conversa animada.

Quando digo que nada parecia interromper, quero dizer exatamente isso: NADA interrompeu a conversa da menina. Nem quando, lá pela altura de Casimiro de Abreu, a moça começou a passar mal por causa da viagem e teve que recorrer a um saquinho plástico. Isso mesmo: a mocinha não desligou o celular nem para colocar os bofes para fora. Esvaziou o estômago e voltou a falar no celular, como se nada houvera acontecido.

Às vezes penso ser uma espécie de sina minha ser uma testemunha do inacreditável, mas ao menos serve para encher este blog de posts.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O filho? O pai? Quem?

Muitas coisas me irritam, mas nada me irrita mais do que ver informação errada veiculada como verdadeira.

Comecei a ler o livreto Barão de Itararé - Herói de três séculos, uma breve biografia do Apparicio Torelly, o Barão de Itararé, jornalista e autor de máximas como "Mesa redonda não tem cabeceira". É um personagem curioso e quase folclórico no jornalismo brasileiro, que despertou meu interesse ao vê-lo citado na biografia do Nelson Rodrigues, O anjo pornográfico (excelente, por sinal, mas isso é assunto para um outro post).

E é justamente nessa passagem que entrelaça a vida do Nelson com a do Barão que o autor do livro que estou lendo comete pecados capitais. Eis o trecho:

Mário Rodrigues (um jornalista famoso, irmão de Nelson Rodrigues, que teve seu nome imortalizado como o nome do estádio do Maracanã, que se chama oficialmente Estádio Mário Rodrigues) fundou o jornal A manhã[...]

1) Mário Rodrigues, que fundou A manhã, era PAI do Nelson Rodrigues;

2) O nome oficial do Maracanã é Estádio Mário FILHO, este sim irmão do Nelson.

Só alguém que vive debaixo de uma pedra para errar o nome do Maracanã dessa maneira e ainda trazer uma informação totalmente errada sobre o pai e o irmão do Nelson Rodrigues! Com esse erro crasso, comprometeu para mim toda a obra, porque não conheço a biografia do Barão de Itararé e não posso saber se o que o autor escreveu é verdade ou um erro absurdo como esses daí. Eis o dilema: continuo a ler sem saber se posso confiar nas informações? Ou deixo o livro de lado? Estou inclinada à segunda possibilidade...