sábado, 31 de janeiro de 2009

Inspiração ou transpiração?

Uma vez me falaram que a inspiração, ao contrário do que muita gente pensa, não é um processo errático, mas algo que se constrói com esforço e treino. A gente tem sempre a ideia de que a inspiração é aquele momento "eureka" que surge apenas para as mentes iluminadas. Afinal, a história do mundo nos faz crer nisso: vai me dizer que Isaac Newton nunca havia visto uma maçã cair da árvore antes? Claro que viu, milhões de vezes. Mas naquele momento mágico, a Inspiração desceu e ele, ao observar a maçã cair, pensou em algo mais do que apenas correr até lá para pegar a fruta e comer.

Eu acredito que a Inspiração possa ser alimentada, nutrida, mas também não acredito que apenas esforço e treino auxilie nisso. Há anos mantenho o blog com este propósito, de não "enferrujar" a minha inspiração, mas tem dias que nem reza braba dá jeito e não consigo escrever nem um bilhetinho de post-it.

As pessoas se espantam quando digo isso. Afinal de contas, sou jornalista e o que se espera de um profissional desses é que esteja o tempo todo inspirado, escrevendo cada matéria como se fosse a vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo. Não duvido que há coleguinhas que realmente se imbuem deste espírito, mas não é o caso da maioria de nós - e, certamente, não é o meu. É uma visão romântica. A produção do texto jornalístico está amarrado a tantas regras e convenções, que é mais transpiração do que inspiração.

É só aqui, neste espaço, que posso deixar tudo fluir.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Preciso de férias

Essa é a constatação de um fato: estou precisando urgentemente de férias.

Minha última viagem de férias foi para a Bahia em 2004 e, depois disso, não viajei mais. Em 2005, passei o ano desempregada - estava recém-saída da faculdade, cheia de disposição, mas sem a bendita experiência. Nem pensar em viajar.

Consegui um emprego no início de 2006 e, a partir daí, não parei de trabalhar. Acontece que, de 2006 a 2008, mudei de emprego duas vezes, e sempre a 15 dias de completar um ano de casa e pedir as tão sonhadas férias. Na última mudança de emprego, o caso foi ainda mais crítico: já estava com passagens compradas e tudo acertado para passar 10 dias em Natal e Fernando de Noronha. Mas joguei tudo pro alto e pensei: "vou para um lugar melhor, salário melhor, estou apenas adiando a viagem. Nas próximas férias eu vou!"

Humpf. Me pergunta se eu tô lá? Está claro que não. Só o que faço ultimamente é enviar currículos e comparecer a entrevistas de emprego. E cansada, cansada, cansada de tudo. A coisa é tão crítica que eu me contentaria com um passeio furreca em Paquetá.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Tradução de títulos de filme

O título do post deveria ser, na minha opinião, o nome de uma disciplina a ser ensinada nos cursos de tradução. Traduzir o nome de um filme para o seu idioma deve gerar várias considerações: adequação com a cultura local, com o público-alvo envolvido, etc. É um problema sério. É o primeiro chamariz para o público ver aquele determinado filme. O nome errado pode ser fatal.

Alguns exemplos para o bem e para o mal. Vi ontem o filme Knocked up, que no Brasil ficou Ligeiramente grávidos. Um ótimo título, bem adequado ao país e que remete àquela música do Metrô.

Ano passado, fizeram uma paródia com o filme 300, cujo nome original é Meet the Spartans. O nome que inventaram para lançar no Brasil? Espartalhões. Olha, eu não gosto de comédia pastelão e não vejo nem quando elas estão passando na TV, que dirá pagar uma entrada no cinema para assistir. Mas esse aí eu até fiquei com vontade de ver. Magnífico. Quem teve essa brilhante ideia tinha que ganhar algum prêmio, o de Melhor Tradução de Título para o Português (se é que esse prêmio já não existe).

Agora vamos às imbecilidades que dão vontade de esganar o tradutor.

Um filme que eu estava querendo muito ver, desde seu lançamento nos Estados Unidos, é Four Christmases (Quatro Natais, em português). É sobre aquele problema que todo casal sem filhos passa: com os pais de quem passar o Natal? O filme eleva a complicação ao quadrado, porque os pais dos dois pombinhos, ainda por cima, são todos separados, o que gera os tais quatro natais do título.

Eu achei que "Quatro Natais" seria um título excelente para o filme, mesmo em português. Não tinha o que inventar. Mas, aqui, vieram com uma bobagem de Surpresas do amor. Puta merda. Não tinham um título mais genérico para colocar, não? Foi só isso que eles conseguiram? Isso aí não diz nada sobre o filme. Nada. Podia ser o título de qualquer comédia romântica do mundo. Foi uma saída muito da preguiçosa para evitar colocar "Natal" no título e dar na pinta que estão passando o filme atrasado aqui no país.

Sem julgar o mérito do filme (até porque não vi). Tinha um filme da Jennifer Lopez que ela faz uma camareira que se apaixona por um político. O nome em inglês: Maid in Manhattan, algo como "Camareira em Manhattan". Tá, em português não fica legal. Mas a solução incrível que os tradutores preguiçosos criaram: Encontro de amor. Mais uma generalidade besta.

[Agora percebi que a preguiça crônica na hora de dar título às comédias românticas gerou uma fórmula pronta: um substantivo + "de amor" ou "do coração". Voilà! Um filme água com açúcar pronto para ser exibido no cinema mais próximo]

domingo, 25 de janeiro de 2009

Não perturbe!

O que acontece hoje em dia com as pessoas? Elas não sabem mais ler linguagem corporal? Por exemplo: entre um grupo de pessoas, há apenas uma que está com fone de ouvido. A quem você vai pedir informação?

Eu, que sou uma pessoa com Semancol e o mínimo de alfabetização em leitura corporal, iria fazer a pergunta a qualquer pessoa que não estivesse com um fone de ouvido, que não estivesse lendo um livro, etc. Mas o resto do mundo parece não entender isso, porque comigo é assim: sempre que eu estou com fone de ouvido, vem alguém me pedir uma informação. SEMPRE.

O fato é que eu não gosto de puxar conversa na rua. Não sou daquelas pessoas simpáticas que iniciam conversas nas filas, fazem amizades instantâneas. [Mas também não sou mal-educada: se uma pessoa me pergunta uma informação, eu a forneço da melhor forma possível.] Então, achei que ouvir meu MP3 player, além de alegrar um pouco a viagem de ônibus, também evitaria essas conversinhas vazias que não levam a lugar nenhum e só servem para preencher tempo e encher o saco. Ledo engano.

Hoje fui fazer prova para um concurso e cheguei cedo ao local de aplicação dos exames. Na frente da escola havia uma praça grande, com vários bancos, e pensei ter encontrado um plano infalível para evitar essa chateação: estava com fone de ouvido e lendo um livro. Duas coisas.

Tolice a minha. Vem um camarada na minha direção e só vejo a boca dele se mexendo - óbvio que não vou ouvir nada do que você está falando, bagual, tô com um puta fone no ouvido! Tiro o fone de ouvido e vem a pergunta: "Você também vai fazer prova pra guarda municipal?".

E só. O babaca me interrompe para perguntar apenas isso. Afe maria.

Respondo e aí o colega, não satisfeito em me incomodar uma vez só, ainda senta no mesmo banco que eu, fumando um cigarro.

Calcule, leitor(a) amigo (a) do blog, que a praça estava cheia de bancos vazios. Para que este animal vai se sentar do meu lado, jogando fumaça fedida de cigarro em cima de mim? Não aguentei.

"Amigo, você vai me desculpar, mas com tantos bancos vazios nessa praça, você não vai vir fumar justo do meu lado, né?"

Ele retrucou que era o único banco que tinha sombra, mas minha cara não devia estar para brincadeiras, porque ele logo se levantou e foi fumar seu cigarro em outro banco.

Estou chegando à conclusão que o meio mais efetivo de evitar isso será colocar uma camisa com o aviso "Não perturbe!", iguais àqueles que colocam nas portas de quarto de hotel.

sábado, 24 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 10

Eis o último post sobre a megacoletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music"! O último CD da coleção vai de 1894 a 1928 e encerra com o Romantismo. Depois desta fase, houve o aparecimento do Modernismo, mas não sei o porquê desta coletânea ignorar este período da música clássica.

Este CD, a meu ver, é um dos melhores da coletânea. As músicas que o compõem são:

1) Fanfarra de "Assim falou Zaratustra", de R. Strauss (conhecidíssima como a "música dos macacos" em 2001 - Uma odisséia no espaço)
2) Adagietto da Quinta Sinfonia de Mahler (belíssimo)
3) "Finlândia", de Sibelius (que acabou virando o hino nacional daquele país)
4) "Dança do besouro", de Kimsky-Korsakov (muito divertida!)
5) Trecho "Meditação" da ópera "Thais", de Massenet
6) Marcha nº 1 de "Pompa e Circunstância", de Elgar (a "música de formatura")
7) "Humoresque", de Dvorak
8) "Valsa Triste", de Sibelius
9) Valsa "Sangue Vienense", de J. Strauss II
10) "Bolero", de Ravel

Como já coloquei na lateral do blog, eu estou completamente apaixonada por "Meditação", de Massenet. Mas, ao procurar um vídeo para postar aqui, me vi diante de um dilema: há duas interpretaçõs muito bonitas, mas de formas muito distintas. Com a violinista americana (descendente de coreanos) Sarah Chang, tem-se uma apresentação leve, fluida e tecnicamente perfeita. Já a violinista holandesa Janine Jansen, embora com algumas poucas falhas, traduz uma emoção muito maior à peça de Massenet. A qual escolher? Técnica ou emoção?

Além da emoção que ela colocou na sua execução, vou colocar o vídeo da Janine Jansen por um outro motivo, mais engraçado: é que Massenet, quando compôs "Meditação", fez um final falso que sempre engana uma audiência que não está acostumada a essa peça - exatamente o que aconteceu neste vídeo, de um concerto de rua.



E acabou! Para ver a sequência de posts sobre as 100 obras-primas da música clássica, é só resgatar no arquivo de janeiro do blog.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 9

E está acabando! Chuif...

Este é o penúltimo CD da coleção "Top 100 Masterpieces of Classical Music". Abrange o período de 1877 a 1893, chegando quase à virada do século e ao princípio do fim da era romântica.

O track-list:

1 - A Polonesa da ópera "Eugene Onegin", de Tchaikovsky
2 - Sinfonia nº 9 ("Sinfonia do Novo Mundo"), obra-prima de Dvorak
3 - A "Valsa das Flores", do balé "O Quebra-nozes", clássico de Natal de Tchaikovsky
4 - "Alborado" de "Capricho Espanhol", de Rimsky-Korsakov
5 - "À Primavera", de Grieg
6 - "Dança Eslava nº 2", de Dvorak
7 - A introdução do balé "A Bela Adormecida", de Tchaikovsky
8 - O trecho "Morte e Marcha Fúnebre de Siegfried", da ópera "O Crepúsculo dos Deuses", de Wagner
9 - "Canções que minha mãe me ensinou", de Dvorak
10 - "Valsa do Imperador", de J. Strauss II

A minha escolha nessa seleção tem mais a ver com minha memória afetiva do que as anteriores. Eu adoro a "Valsa das Flores" porque me traz lembranças muito boas da minha infância, vendo "O Quebra-nozes" na época de Natal. Sem contar que é a valsa preferida de minha avó (era também a de minha bisavó).

É engraçado lembrar disso, porque eu sempre tive a ideia de que minha vó gostava de músicas velhas demais para a idade dela. A "Valsa das Flores" foi composta no século passado e ainda fazia sucesso quando minha vó era menina? Como assim?

Depois é que soube que ela havia sido composta em 1892. Ou seja, quando minha avó era menina, a valsa só tinha 40 anos. Traçando um paralelo, é igual ao fato de eu gostar da música dos Beatles, por exemplo. Achei muito curioso isso.

Neste vídeo, a peça é executada pela Orquestra Filarmônica de Berlim, conduzida pelo maestro inglês Simon Rattle.

O fim de uma aberração

E mais uma vez interrompo a sequência de posts sobre as 100 obras-primas da música clássica, e pelo mesmo motivo: Barack Obama. O(A) leitor(a) amigo(a) do blog vai me desculpar essa segunda digressão, mas é que eu não esperava que o novo presidente dos US of A fosse tomar essa medida poucas horas depois de ser empossado no cargo.


Obama ordenou o fechamento imediato da prisão de Guantánamo, aquela aberração criada por Bush após os ataques do 9/11, onde Convenção de Genebra devia parecer um conceito vindo de algum conto de fadas ou de alguma história de Hans Christian Andersen.

Quanto a esta resolução, feita em seu primeiro dia de trabalho no Salão Oval, só posso dizer duas coisas:

1) Obama quer mostrar para o mundo que vai cumprir o que prometeu em campanha e que não está para brincadeiras;
2) Ele tem uma baita equipe de governo o orientando e dando suporte.

O garoto começou bem.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 8

O oitavo CD da coletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music" cobre o período de 1867 a 1876. O álbum conta com as seguintes faixas:

1 - Trecho do Concerto para piano nº 1 em Si Bemol Menor (1º mvt), de Tchaikovsky
2 - "Canção de ninar", de Brahms
3 - "Die Moldau", de Smetana
4 - "Cavalgada das Valquírias", da ópera "A Valquíria", de Wagner
5 - "Amanhecer", de Grieg (composta para a trilha sonora da peça de teatro "Peer Gynt", de Ibsen)
6 - "Os Toreadores", da ópera "Carmen", de Bizet
7 - "Notturno", do balé "Copélia", de Delibes
8 - "Marcha Eslava", de Tchaikovsky
9 - O intermezzo da ópera "L'Arlesienne", de Bizet
10 - "O Danúbio Azul", de J. Strauss II

Gosto de tantas músicas neste CD que vai ser difícil selecionar apenas duas. Optei por colocar duas peças diametralmente opostas: é a leveza de "Amanhecer", de Grieg, frente à vigorosa e animada "Os Toreadores", de Bizet.

Neste vídeo, "Amanhecer" é interpretada pela Orquestra de Jerusalém.



E agora uma execução brazuca para a peça de Bizet: a Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas. Lindo de ver como as pessoas batem palmas e pedem bis! É para enterrar de vez a besteira de que música clássica não é para o povo. (O maestro faz um discurso antes da execução. Querendo pular, espere o vídeo carregar e depois coloque por volta dos 2 minutos).

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 7

Voltando à programação normal, falo agora do sétimo CD da coletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music". Este álbum abrange o período de 1854 a 1866, era romântica.

O track-list do CD é o seguinte:

1 - Opereta "Orfeu no Inferno", de Offenbach (foto)
2 - Melodia em Fá - Rubinstein
3 - "Os Prelúdios", de Liszt
4 - "Valsa", de Brahms
5 - Abertura da ópera "A força do destino", de Verdi
6 - "Eu te amo", de Grieg
7 - Abertura da ópera "A noiva vendida", de Smetana (ou Smetna) Curiosidade: assim como Beethoven, Smetana também continuou a compor, mesmo estando completamente surdo.
8 - "Barcarolle", da ópera "Os contos de Hoffman", de Offenbach
9 - "Tritsch-Tratsch Polka", de J. Strauss II
10 - Abertura de "Cavalaria ligeira", de Suppé

Minha seleção é "Barcarolle", de Offenbach. Considerada por muitos a sua obra-prima, Offenbach nunca viu "Os contos de Hoffman" ser interpretada. Compôs a ópera quando estava muito debilitado, e esta só veio a ser apresentada cinco meses depois de sua morte.

A melodia fluida, feita para ser cantada por uma soprano e uma mezzo-soprano, tem a seguinte letra:

O tempo voa e carrega
nossos carinhos delicados para sempre!

O tempo voa para longe deste oásis feliz

e não volta mais.

Zéfiros ardentes,
nos envolvam com suas carícias!
Zéfiros ardentes,

deem-nos seus beijos!
Seus beijos! Seus beijos! Ah!


Noite adorável, oh noite de amor,

sorria às nossas alegrias!

Noite, tão mais doce que o dia,
oh linda noite de amor!
Ah! Sorria às nossas alegrias!

Noite de amor, oh noite de amor!

A apresentação abaixo corta uma pequena introdução (um minuto e meio sem voz, só orquestra) e vai direto para a parte vocalizada. É belissimamente interpretada pelas irmãs Irina e Cristina Iordachescu.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Presidente Superstar

Acabei quebrando a sequência de posts sobre as 100 obras-primas da música clássica para um assunto da máxima importância - ou assim o parece, considerando a cobertura midiática do evento: a posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos.

Em tempos ossudos como este que estamos vivendo, de crise econômica mundial e ainda por cima uma guerra inútil que se arrasta há anos no Oriente Médio, não invejo o trabalho que Obama terá para os próximos quatro anos. Será uma seara de muito suor e pouco reconhecimento. Sim, pouquíssimo reconhecimento: a simpatia que o mundo inteiro parece nutrir pelo primeiro presidente negro dos EUA é uma faca de dois gumes.

Por um lado, o espírito de boa-vontade para com o governante lhe traz segurança para agir pelo bem de todos e felicidade geral da nação. Mas também cria expectativas altas, que nem sempre serão (certamente não serão) atendidas. E, na política, as marés de popularidade conseguem mudar de rumo com uma facilidade assombrosa.

Hoje, Obama é o Presidente Superstar. Se estivesse vivo, Andy Warhol certamente o elegeria como inspiração para uma nova peça de pop art. Mas o discurso vibrante, o sorriso Colgate e a figura simpática de Obama de nada lhe valerão se ele não apresentar resultados - e rápido. Seu equilíbro é frágil e está em cima da corda bamba: a euforia mundial pode facilmente dar lugar à frustração. Esperemos que isso não aconteça.

As 100 obras-primas da música clássica - parte 6

Passamos da metade da coletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music". O sexto CD vai de 1842 a 1853, com o Romantismo a pleno vapor. Neste álbum, temos Mendelssohn, Liszt, Verdi, Wagner, Schumann e Suppé.

As faixas são as seguintes:

1 - A chatíssima "Marcha nupcial" de Mendelssohn, da ópera "Sonho de uma noite de verão";
2 - "Liebestraum" (algo como "Sonhos de amor", em alemão), de Liszt;
3 - Abertura da ópera "Nabuco", de Verdi;
4 - "O camponês feliz", de Schumann;
5 - Rapsódia Húngara nº2, de Liszt;
6 - A ópera "Lohengrin" (do Prelúdio ao Ato 3), de Wagner;
7 - Ópera "La Traviata" (do Prelúdio ao Ato 1), de Verdi;
8 - Ópera "Tannhäuser" (trecho: "Chegada dos convidados a Wartburg"), de Wagner;
9 - Concerto para violino em Mi Menor (2º mvt), de Mendelssohn;
10 - Abertura de "O Poeta e o Camponês", de Suppé.

Minha peça preferida desta seleção é o Liebestraum, de Liszt. No vídeo abaixo, a peça é interpretada pelo pianista russo Evgeny Kissin (o visual do rapaz é excêntrico, mas sua execução é muito bela).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 5

O quinto álbum da coleção abrange o período de 1811 a 1841, o início da fase romântica da música clássica (que perduraria até o século 20). É uma seleção eclética que contempla Schubert, Rossini, Mendelssohn, Schumann, Weber e Chopin.

E é com Chopin que, a meu ver, este CD comete a maior injustiça. Deste genial compositor que tornou a música clássica tão íntima, temos apenas uma - eu disse uma! - peça. Talvez pelo fato de ele ser meu compositor preferido eu esteja falando mais pelo coração do que pela razão, mas eu sinceramente esperava pelo menos o tão famoso Noturno nº 2, talvez o maravilhoso Estudo nº 3. Mas não: temos, em seu lugar, Polonesa em Lá Maior Op. 40 nº 3 ("Militar"), e apenas essa.

No mais, a coletânea apresenta duas peças de Mendelssohn, a abertura da ópera "O barbeiro de Sevilha" do Rossini, quatro composições de Schubert (entre elas, a belíssima "Ave Maria"), a abertura da ópera "O franco-atirador", de Weber, e "Traumerei", de Schumann.

Fico então com Chopin (um Chopin é melhor que nenhum Chopin), na interpretação do pianista israelense Tzvi Erez:



E mais esta Sinfonia nº 4 ("Italiana") de Mendelssohn, uma música para levantar o astral. Neste vídeo, ela é interpretada pela Filarmônica de Nova York, sob a batuta do maestro Leonard Bernstein:

sábado, 17 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 4

O quarto CD da coletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music" é uma exemplificação do Classicismo com obras dos três grandes nomes do período: Mozart, Haydn e Beethoven (fase pré Nona Sinfonia). Abrange a produção musical de 1788 a 1810.

De Haydn, um dos responsáveis pela criação do quarteto de cordas como formação, há o segundo movimento da Sinfonia nº 94 (apelidado de "Surpresa"), o Quarteto de Cordas em Dó Maior ("Imperador") e o Concerto para Trompete em Mi Bemol Maior.

Mozart está presente com o primeiro movimento da Sinfonia nº 40, a abertura da ópera "A flauta mágica" e o segundo movimento do Concerto para Clarinete em Lá Maior. Mas o show principal é mesmo de Beethoven, com quatro peças, entre elas a chatinha "Fur Elise", o consagradíssimo primeiro movimento da Quinta Sinfonia e o assombroso primeiro movimento da Sonata ao Luar (adjetivos nunca são bastantes para definir a música de Beethoven).

Minhas peças preferidas desde álbum são o Quarteto de Cordas de Haydn e a Sonata ao Luar de Beethoven.

Neste vídeo, Sonata ao Luar é executada de forma inesquecível pelo pianista alemão Wilhelm Kempff:



Quarteto de Cordas em Dó Maior ("Imperador") - execução desconhecida



Curiosidade: o segundo movimento desde Quarteto foi adotado como hino nacional alemão. Em sua época, a peça foi composta para ser (e de fato foi) o hino do Império Austríaco.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 3

Se no CD anterior Mozart desponta no cenário com duas músicas, neste terceiro ele impera absoluto. O álbum compreende os trabalhos de Mozart de 1776 a 1787, período de consolidação do Classicismo.

A lista de execução começa com uma das obras mais reconhecíveis do maestro: "Eine Kleine Nachtmusik" ("uma pequena serenata", em tradução livre). Há, ainda, dois trechos da ópera "As Bodas de Fígaro" (Abertura e Marcha), a abertura da ópera "Don Giovanni" e a divertida e famosa "Rondo Alla Turca", terceiro movimento da Sonata para piano nº 11.

Desta seleção, a minha peça preferida é o belíssimo Concerto para Piano nº 21 em Dó Maior (2º movimento). A seguir, um vídeo com execução da Filarmônica de Berlim, conduzida pelo maestro Daniel Barenboim (que também toca o solo de piano):

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 2

O segundo CD da coletânea "Top 100 Masterpieces of Classical Music" cobre o período que vai de 1731 a 1775 - pegando, portanto, a fase final da música barroca, que termina com a morte de Bach, em 1750, e o pré-Classicismo. No álbum, temos Handel, Bach, Gluck, Vivaldi e uma pontinha de Mozart, que dá o ar da graça com os Concertos para violino nº 3 e nº 5. Também há o célebre coro de "Hallelujah", de Handel.

Mas a peça que mais gosto deste CD é o "Concerto para Oboé em Ré menor", de Bach. Uma curiosidade é que Flávio Venturini tomou emprestado esta melodia para fazer a letra de "Céu de Santo Amaro".

Bach - Concerto para Oboé em Ré menor (execução desconhecida)


Flávio Venturini - Céu de Santo Amaro (o vídeo é cafona, mas desconsiderem a imagem, foquem na música)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As 100 obras-primas da música clássica - parte 1

Pesquisando na internet, acabei encontrando (e baixando), uma coleção magnífica: As 100 maiores obras-primas da música clássica (Top 100 Masterpieces of Classical Music). São 10 CDs que abrangem um período de 1685 a 1928.

O pacotão tem quase 1 GB e tive que deixar umas noites baixando (a internet aqui em casa, embora banda larga, está uma porcaria). Mas valeu muito a pena.

Nos próximos posts, eu vou pinçar minhas músicas preferidas da coletânea, começando com o primeiro CD, que cobre o período de 1685-1730, época da música barroca. Desnecessário dizer que Bach domina a seleção, que conta ainda com Pachelbel, Purcell, Albioni e Vivaldi.

Apesar de não gostar muito do barroco (prefiro o intimismo do Romantismo), minha peça preferida do CD é "Bradenburg Concerto nº 3, 1º movimento", de Bach. Segue um vídeo do Youtube com sua execução, pela Freiburg Baroque Orchestra:

Lista de livros para ler

Como se a lista já não estivesse grande o bastante, eu ainda fiquei toda animadinha com o filme "Possessão" e comprei o romance que o inspirou. Agora a lista está quilométrica... (eu me odeio).

<-(Obras completas de Fernando Sabino, em três volumes)

Com o ritmo em que estou lendo "Emma", talvez em 2050 eu termine essa lista de leitura!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Blog-Serendipity

Estou me aclimatando à nova casa e, aos poucos, vou descobrindo novos recursos interessantes. Hoje, olhando a tag do Google/Blogger no topo da tela, vi o botão "Próximo blog" e fiquei curiosa: o que aconteceria se eu o apertasse?

O pensamento lógico é que me levaria a um blog randômico, pinçado de todo o banco de dados do Google/Blogger. A idéia me pareceu irresistivelmente romântica. E se eu apertasse o botão e aparecesse na tela um blog de alguém com todos os meus gostos e, ainda por cima, o visual do Colin Firth? Maravilhoso acaso, com certeza.

A Elinor Dashwood que mora em mim e toma conta do meu cérebro 24h/7dias diria: "Puá! Que pensamento mais infantilóide". Mas hoje, inexplicavelmente, ela estava de folga e a Marianne assumiu as rédeas. "Vamos descobrir minha alma gêmea? Vamos!"

Com certa ansiedade, clico no botão. Processando, abre o blog... é agora!

E o que aparece na tela é um blog em espanhol sobre provas automobilísticas off-road. O Acaso acha que minha alma gêmea é um espanhol que curte rali. Tá.

Vamos dar mais uma chance, ok? Aperto o botão de novo. Aí vem um blog melancólico toda a vida, com fotos melancólicas e mensagens melancólicas... Talvez "Um passo para o suicídio" seja um título apropriado.

Third time is the charm, diriam os americanos. Certo? Aperto o botão pela terceira vez e agora, para compensar o ar pesado do site anterior, aparece o blog feliz e pimpão de uma moça que acaba de descobrir sua vocação como designer gráfico.

A paciência tem limite, e vou pela quarta e última vez no "Próximo blog". E... estou até agora tentando entender do que se trata o site, já que não faço idéia em que linguagem está escrito. Pelo pouco que pude entender, trata-se de um projeto (educacional? filantrópico?) com fofas crianças nórdicas.

É, realmente o Destino não quer saber de me ajudar.

Elinor Dashwood, que acaba de chegar à minha mente, ri-se e comenta: "Depois de anos de pragmatismo, você não vai esperar que o Acaso lhe traga um presente desses só por causa de um pequeno lapso romântico, não é? Essas coisas só acontecem com os verdadeiramente devotados a essa religião, meu bem".

Elinor pode ser bem insuportável algumas vezes.
  • Foto: Do filme "Serendipity", inspiração para o meu prévio comportamento e, por conseqüência, para este post.

Não gosto de Marian Keyes

Pronto! Ufa! Disse!

Antes que pedras e tomates voem em minha direção, permitam-me fazer um mea culpa: eu não sei se poderia fazer essa afirmação tendo lido apenas metade de um livro da autora, mas, meu Deus, que livro ruim. O livro em questão é "Melancia".

Se você não leu o livro (e pretende ler), pare agora ou cale-se para sempre, porque aí vem os temidos spoilers.

A trama é arrastada e nada envolvente. O interesse amoroso da personagem (Adam) é um Mr. Nice Guy tão ao pé da letra que ganhou o título de sonífero ambulante.

Mas, apesar destes poréns, eu ia aguentando estoicamente a história. Afinal, tantas pessoas haviam me recomendado o livro, não era possível que a história fosse tãããão ruim assim (ah, o senso comum, esse enganador).

Mas eis que chega a parte em que o ex-marido, que abandonou a personagem principal/narradora da história no dia em que ela dá à luz a filha deles, diz à protagonista que o fim do casamento deles foi culpa dela! E ELA ACEITA ISSO!

O livro só não voou pela janela porque o exemplar é da minha irmã.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Esaú e Jacó

Eu tenho uma extensa lista de livros para ler - e ela só faz crescer. Mas acaba que ontem, visitando o site www.dominiopublico.gov.br, vejo as obras completas de Machado de Assis na internet, ao alcance de um download gratuito. Olhando a lista de livros, resolvi arriscar de ler os primeiros capítulos de "Esaú e Jacó". Quem disse que eu consegui ficar nos primeiros capítulos? Li o dia inteiro, com areia nos olhos por causa da claridade da tela, a luz ambiente se enfraquecendo ao meu redor enquanto a noite avançava. Só consegui largar o livro quando ele acabou, e posso dizer: que livro bom!

O curioso é que o livro é ótimo, mas nem tanto pelo enredo, que é meio vazio em si: irmãos gêmeos que não concordam em nada. Na mão de qualquer outro escritor, mal daria história para um livro, mas estamos falando de Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho. E essa foi uma de suas bruxarias: transformar uma história insossa de desavença fraternal em um romance bem escrito, bem acabado e completamente viciante.

Machado de Assis leva a narrativa onisciente para o próximo nível: ele não só sabe de tudo o que se passa, como dialoga diretamente com o leitor. Não é apenas um simples narrador fiel (ou não) da história, mas o seu guardião, e deixa isso perfeitamente claro. Ele desenvolve uma relação variada com o leitor, ora paternalista, ora amigável, ora submissa.

Uma amostra dessa relação sem cerimônias fica no capítulo 27 ("De uma reflexão intempestiva"), em que Machado interrompe a narração que vai fazendo dos desentendimentos dos gêmeos Pedro e Paulo, ainda adolescentes, para responder a perguntas que algumas leitoras já deveriam estar se fazendo àquela altura do livro:

Eis aqui entra uma reflexão da leitora: "mas se duas velhas gravuras os levam a murro e sangue, contentar-se-ão eles com a sua esposa? Não quererão a mesma e única mulher?”
(...)
Francamente, eu não gosto de gente que venha adivinhando e compondo um livro que está sendo escrito com método. A insistência da leitora em falar de uma só mulher chega a ser impertinente. Suponha que eles deveras gostem de uma só pessoa; não parecerá que eu conto o que a leitora me lembrou, quando a verdade é que eu apenas escrevo o que sucedeu e pode ser confirmado por dezenas de testemunhas? Não, senhora minha, não pus a pena na mão, à espreita do que me vissem sugerindo. Se quer compor o livro, aqui tem a pena, aqui tem papel, aqui tem um admirador; mas, se quer ler somente, deixe-se estar quieta, vá de linha em linha; dou-lhe que boceje entre dois capítulos, mas espere o resto, tenha confiança no relator destas aventuras.
Genial.

A idade do amor

Vi recentemente duas séries que giram em torno de um relacionamento entre pessoas com grande diferença de idade: Little Dorrit (2008), de Charles Dickens, e Jane Eyre (2006), de Charlotte Brontë. Ambas as histórias são belíssimas, mas não será sobre isso que apontarei aqui, mas a escolha de elenco das adaptações que vi, ambas da BBC.

Em Little Dorrit, a personagem do título, Amy Dorrit, é uma moça de 21 anos que mal parece ter 14. No livro, ela é, inclusive, confundida com uma criança. Já Arthur Clennam é um homem vivido, que morou no exterior por 20 anos e conta, na altura da história, com mais de 40 anos de idade.

Essa diferença de quase 20 anos de idade também é pontuada em Jane Eyre, no romance entre a preceptora Jane Eyre, de pouco mais de 18 anos, e Edward Rochester, de quase 40 anos.

Mas, embora essencial às duas histórias, a diferença de idade entre os personagens não transpareceu na tela. Matthew Macfadyen, que tem 34 anos, não convenceu como um homem com o dobro da idade de Claire Foy (que, a propósito, tem 24 anos). Arthur diz a Little Dorrit, em uma das últimas cenas da série: "eu tenho o dobro da sua idade". Dá vontade de rir, ou então perguntar ao personagem qual seu tratamento anti-rugas...

Em Jane Eyre, Ruth Wilson e Toby Stephens fazem um trabalho magnífico nos papéis principais, mas vistos juntos, ninguém acreditaria na diferença de idade.

O que me pergunto é: por que escalar um elenco desse quando há essa percepção? Principalmente nestas séries, em que a diferença de idade é frisada e influi no relacionamento do casal.

Acho que em uma sociedade onde é proibido envelhecer, não há espaço para um romance entre pessoas com idades tão díspares. Não atrai público um romance entre uma mulher de 18 anos e um homem de 40 anos (ou vice-versa).

Obs.: não que eu defenda que se escale atores com exatamente a mesma idade dos personagens, mas eles, ao menos, devem aparentar tal idade. O melhor exemplo que posso oferecer disso é o de outra série, Razão e Sensibilidade (2008), no romance entre Marianne Dashwood, 18 anos, e Coronel Brandon, 35 anos. Os atores escalados, Charity Wakefield e David Morrisey, aparentavam perfeitamente a idade dos personagens - e olha que a atriz tem 27 anos.

Vida nova, casa nova

Depois de sete anos (conta de mentiroso?) no Blogger Brasil, não resisti aos recursos do Blogger/Google e venho para cá, de mala e cuia, com meu despretensioso "Jujubas e Delicados". Que venham mais sete anos de literatura, música, cinema e TV para ler, ouvir, ver e curtir!