quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tem que ficar trancado em casa

Entrei no G1 e achei a notícia inusitada: uma reportagem do RJTV sobre um rapaz que foi assaltado dentro de uma academia, enquanto fazia esteira.

O assaltante fingiu ser um potencial aluno e pediu à recepcionista para conhecer a academia por dentro. Pedido aceito, ele entra e aponta a arma para o peito de um rapaz enquanto este ainda estava correndo na esteira. O assaltado, sem parar nenhum momento de correr, entregou seu cordão e o bandido fugiu.

O caso já é surreal por si só, mas pior ainda é o que veio a seguir. A apresentadora do telejornal, Ana Paula Araújo, chama o comentarista de Segurança do RJTV, o Rodrigo Pimentel (ex-capitão do Bope, autor de "Elite da tropa" e roteirista de "Tropa de Elite") para comentar o assalto. Ela diz: "O que mais me chamou a atenção é que o rapaz teve muito sangue frio de continuar a fazer o exercício mesmo sendo assaltado". Pimentel, é claro, concorda: "Ele manteve a calma, e é o que deveria mesmo fazer". Mas completa: "O que não deveria ter feito é levar um cordão de ouro para malhar numa academia, acho pouco razoável".

Após ele ter dito esse absurdo, Ana Paula revida (mesmo que com um pouco de delay): "Na verdade, a pessoa tem o direito de usar qualquer coisa em qualquer lugar, né?"

Confesso que não gosto muito da Ana Paula Araújo, mas ela foi minha heroína aí. Tudo agora no Rio é culpa da vítima, pô?!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A banheira

Não foi dica de beleza, nem recomendação médica: o fato de eu agora ficar de bobeira na banheira aqui em casa tem a ver com esse calorão todo que vem fazendo no Rio. É que descobri a forma mais econômica de se refrescar quando está muito quente: em vez de ligar o ventilador ou (pior) o ar-condicionado, o melhor é ficar de molho, que nem bacalhau, na banheira.

É uma banheira velha, muito antiga e encardida, que tem no banheiro do meu apartamento (que, aliás, também é antigo). Demorei muito a descobrir seu uso fabuloso: sempre preferi tomar uma ducha gelada e deitar na cama, debaixo do ventilador, com a boca aberta de tanto calor. Um dia, acordei num espírito de Dona Beija e resolvi tomar banho de banheira (só faltou mesmo o leite de cabra). Que maravilha! Não há coisa melhor! E ainda por cima, dá pra fazer várias coisas: estudar, ler, até ver filmes no laptop - que mantenho a uma distância segura da banheira, claro.

Aí me lembrei de um episódio do Seinfeld em que o Kramer resolve ficar direto no banho, e até passa a cozinhar debaixo do chuveiro. Juro que não cheguei a esse nível... Mas se houvesse um meio seguro de navegar a internet de dentro da banheira, eu estaria postando de lá agora mesmo!

sábado, 14 de novembro de 2009

A papelaria

Acho muito engraçado viver hoje no mesmo bairro em que morei até os 10 anos de idade, porque as mudanças dos arredores do bairro sempre me saltam mais aos olhos do que se eu simplesmente tivesse vivido minha vida inteira aqui. Ruas que abrem, se alargam, casas que dão lugar a prédios de apartamentos cada vez mais altos e com mais gente. Mas nada chama mais a atenção do que o comércio de bairro, essa instituição que sempre achamos estar com os dias contados por causa do poderio dos shopping centers - isso até a gente precisar de um pão, uma caixa de fósforo e descobrir que aquela mercearia da esquina vai muito bem, obrigado.

Estou pensando nisso porque passei em frente a um local muito importante na minha infância: a papelaria/bazar Elianita. Era uma loja pequenérrima, bem espremidinha mesmo, mas com tudo o que você conseguia imaginar de papelaria, e até mesmo algumas opções de presente. Foi lá a primeira vez que comprei uma boneca para mim, com o dinheiro que consegui economizar da mesada, entre uma visita e outra na carrocinha de doces que passava na minha rua. Era lá também que íamos com mamãe para comprar a reposição do material escolar em julho (canetinhas e lápis de cor nunca duram o ano todo, né?).

A loja pertencia a um casal de senhores (já eram idosos quando eu era criança, imaginem agora), e o nome da papelaria vinha do nome da filha deles. Lembro que fiquei muito surpresa quando voltei ao Rio para estudar na faculdade e vi que a Papelaria Elianita ainda estava lá, de pé - um pouco castigada, um pouco mais vazia de clientes, mas ainda lá, firme e forte. Só que isso não durou muito: há coisa de dois anos, a Elianita finalmente sucumbiu e o ponto comercial virou uma franquia da Empada Carioca. Vida que segue.

Mas quis o destino que uma loja vagasse bem ao lado da antiga Elianita (agora Empada Carioca) e, como uma ressurreição, eis que abre uma papelaria/bazar no mesmo estilo da antecessora. Não sei se são os mesmos donos (o que duvido, por causa da idade), mas é bom ver surgir esse tipo de comércio que pensei ter morrido para sempre...

domingo, 8 de novembro de 2009

Cartazes II

Para realizar seus ensaios gerais, o coral da minha empresa costuma tomar emprestado o salão de uma ONG que ajuda na recuperação de viciados em drogas. Um amigo chamou a atenção para esse cartaz, que estava afixado lá:



A piada geral: quais seriam as drogas adotadas no Curso Introdutório de Dependência Química? Maconha, analgésicos, cola de sapateiro...

sábado, 7 de novembro de 2009

Overdose de Caetano

Juro que não aguento mais: essa mania de consultar o Caetano Veloso para todo e qualquer assunto já encheu os pacová. Essa semana, então, não teve precedentes: foi uma overdose de Caetano Veloso na imprensa de dar nojo.

Primeiro, publicam uma entrevista do Caetano a um jornal paraibano em que ele diz que não gosta do Woody Allen. E daí? Woody Allen certamente deixou de dormir direito na noite em que leu que Caetano não gosta de sua obra cinematográfica! (Um parêntesis: Caetano chama o cineasta, entre outras coisas, de "careta". Nossa, tem coisa mais careta hoje em dia do que chamar alguém de careta? Alguém por favor vai correndo avisar ao Caetano que a década de 1970 já acabou faz tempo...)


Eu sei de tudo. Ou não.

Depois, o Estado de S. Paulo entrevista Caetano com exclusividade. Ele fala de tudo: política, segurança pública, invasões extraterrestres, teorias matemáticas, a fórmula da cura da gripe suína, como solucionar a fome no mundo e o que mais os jornalistas se animem a perguntar. Ele opina sempre, mesmo que não tenha o menor conhecimento do que está falando: Caetano gosta é de palpitar mesmo. Mas, nessa entrevista, o que foi divulgado aos quatro cantos foi quando ele chama Lula de "analfabeto". Tá. E daí? Não foi o primeiro nem o último a fazer isso. Além do mais, que coisa mais infantiloide. Daqui a pouco, as declarações serão assim: "Caetano diz que Lula é bobo e tem cara de mamão".

E aí, quando já achamos que estamos livres dessa caetanarada toda, eis que ele ainda ganha o Grammy Latino por "Zii e Zie". Como diria Galvão Bueno, haja coração!