terça-feira, 31 de março de 2009

Deixe que digam, que pensem, que falem...

Tenho uma admiração genuína pelas pessoas que fazem o que querem sem se preocupar com o que os outros vão pensar (desde que esses atos não prejudiquem outras pessoas, claro). É sério. Mas por que eu estou falando isso? Eu explico.

Ontem, eu estava dentro do ônibus ouvindo meu MP3 player quando vi um cara no ponto de ônibus ouvindo o dele também. Mas ele ouvia meeesmo, curtindo a música tremendamente. Ensaiava uns passinhos, cantarolava trechos e até tocava guitarras e teclados imaginários. Totalmente leve e feliz, sorridente. Enquanto eu, para não passar por maluca, o máximo que fazia era batucar um cadinho na perna o ritmo da música que eu ouvia, por mais irresistivelmente alegre que ela fosse.

Tive inveja do cara, juro. As pessoas passavam por ele e olhavam meio surpresas, como se fosse um maluco, e ele nem aí. Eu sorri. Porque, por dentro, era exatamente assim que eu queria estar: dançando, cantarolando despreocupadamente, alheia a tudo e a todos. Curtindo minha música.

Um dia eu chego lá.

domingo, 29 de março de 2009

Ai, meu português...

Tenho lido cada vez menos jornal de papel, preferindo ler as notícias pela internet. O problema disso é que, com a extinção do revisor das redações dos jornais, sai cada coisa na Web que é de assustar! Hoje fui ler uma matéria no Globo Online sobre um manual de ordem pública que a Prefeitura do Rio vai mandar distribuir e tinha uma galeria de fotos com exemplos sobre a falta de civilidade de que o manual vai tratar.

O problema foi quando cheguei na legenda da última foto:


Reparem no título: "Pecados Cariocas". Pecado mesmo! "Expremer"? Caramba...

quinta-feira, 26 de março de 2009

China descobriu o Brasil

E a América, a Austrália, a Antártica... A afirmação é de Gavin Menzies, autor do livro que estou lendo no momento: 1421 - O ano em que a China descobriu o mundo. Oficial da Marinha Britânica, Menzies tem como hobby estudar cartas náuticas antigas. E foi durante esses estudos que ele descobriu a façanha chinesa: em 1421 - antes de Colombo, Cabral e Cook - uma enorme frota partiu da China com o objetivo de descobrir novos mundos, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve (tá, isso é a abertura de "Jornada nas Estrelas", mas se aplica ao caso). Voltaram em 1423, depois de terem circunavegado todo o mundo.

O livro assusta: é um catatau de 550 páginas em letra pequena. Mas o tema é tão interessante para mim que estou adorando. Acabo aprendendo um pouco sobre a história da China medieval e como ela estava avançada em comparação com a Europa no mesmo período. O imperador responsável por essa expedição marítima, Zhu Di (segundo da dinastia Ming), incentivou o intercâmbio cultural entre países da Ásia e da África, compilando um vasto conhecimento sobre ciências e astronavegação. Construiu a Cidade Proibida e transformou Pequim na capital do Império. Estimulou a construção naval e reformou a Grande Muralha da China, adicionando 1.400 km a sua já gigantesca estrutura.

Quem parte na expedição, como comandante da frota, é o eunuco de confiança de Zhu Di, Zheng He. Não sabia que existiam eunucos na China, muito menos que eles alcançavam postos mais prestigiosos do que simplesmente servirem de guarda para os haréns. E a forma que o autor descreve Zheng He está muito longe da imagem que costumo fazer de um eunuco:

Era uma figura imponente, mais alto do que Zhu Di. De acordo com alguns relatos, tinha mais de dois metros de altura, pesava mais de 100 quilos (...) Nas dobras de sua veste de seda branca, ele guardava um cofrinho cravejado de pedras que continha os restos murchos de seu pênis e seus testículos, fato este que lhe valeu o apelido de San Bao, "O Eunuco das Três Jóias".
Resumindo: comprei o livro para conhecer a história naval, mas ganhei um bônus - uma visão da sociedade e da política chinesa no século XV. Recomendo!

  • A foto é de um modelo de navio chinês típico desse período. Eles tinham, em média, 146 metros de comprimento. Só para se ter uma ideia da dimensão, a nau Niña, de Colombo, tinha apenas 11 metros!

terça-feira, 24 de março de 2009

Pundufu tanga?

Isso até já faz tempo, mas eu acho a história tão bonitinha que resolvi contar.

Desde que meus sobrinhos nasceram, acabo acompanhando, de forma involuntária, os lançamentos de desenhos animados que sempre inundam as salas de cinema e as locadoras durante o período de férias escolares. Então eu assisto a uma animação e outra junto com a garotada, para poder depois conversar com eles a respeito.

Um dia, o meu sobrinho de três anos veio me contar, todo empolgado, que tinha visto um filme no cinema e que, ainda por cima, tinha ganhado um brinquedinho do McLanche Feliz do desenho.

"Tia Nane, eu vi o Pundufu Tanga no chinema!"

"Cuméquié? Pundufu o quê?"

"Pundufu Tanga!"

E eu continuava com cara de interrogação, completamente besta. Que diabo de filme é esse?! Perguntei de novo.

"Pun-du-fu Taaaan-ga!" - Guilherme já perdia a paciência. Que tia mais tapada!

Até que, exasperado com a minha obtusidade, ele foi pegar o bonequinho que havia recebido junto com o lanche. Dali a pouco volta ele com o brinquedo, triunfante.

"Viu? Esse é o Pundufu Tanga!"

E, nas suas mãozinhas, estava um boneco do Kung Fu Panda!

Esses sobrinhos...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Ciao, amore, ciao...


O que foi que eu avisei lá atrás, num post de janeiro? Que era só eu marcar uma viagem de férias para conseguir um emprego. Estava programando uma semana em Ilha Grande, começando por hoje (além da viagem para a Itália, que mencionei anteriormente), mas, de última hora, fico sabendo que tenho que ficar de prontidão em casa, porque vou receber um telegrama de convocação para um concurso que prestei no ano passado e nem esperava ser chamada.

Ilha Grande eu posso até reprogramar para um fim de semana qualquer. Já a Itália... vai ser adiada por tempo indeterminado!

domingo, 22 de março de 2009

Selinhos...

Tonks, do Romances in Pink, e a Karlinha, do Coffee & Movies, me indicaram para mais este selinho. Obrigada, meninas!




Como de hábito, há regras. Vamos a elas:
  • Escrever uma lista com 8 coisas características suas (personalidade).
  • Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder....
  • Comentar no blog de quem nos convidou.
  • Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “convocação”...
  • Mencionar as regras.
Vou ficar devendo as indicações porque já foram todos indicados por outros blogs. Lá vem a lista:

  1. Sou uma pessoa extremamente prática, uma Elinor Dashwood;
  2. Adoro cachorro;
  3. Hoje sou uma pessoa mais calma, mas costumava ser bastante estourada;
  4. Como todos na minha família, sofro de ansiedade crônica;
  5. Adoro comer (combinado com o fator acima, me garante uns indesejados quilinhos a mais);
  6. Sou bagunceira;
  7. Tenho fobia de sapo;
  8. Prefiro tempo frio ao calor.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Meu robô Percival

Um dos baratos de se ter sobrinho é que acabamos voltando um pouco à infância também e resgatando memórias tão empoeiradas que você nem sabe como elas ficaram tanto tempo sem uso no cantinho da sua cabeça.

Hoje fui à casa da minha irmã e meu sobrinho de cinco anos me convidou para ver o seu mais novo desenho preferido, o Meca Animais, que passa no Discovery Kids. Trata-se de um desenho sobre robôs que são animais, e, entre uma cena e outra, meu sobrinho me confidenciou, sussurrando ao meu ouvido: "sabe, tia Laine, eu adoro robô!".

Ri um pouco de toda a confidencialidade para algo tão trivial, e então, na mesma hora, lembrei do meu robô Percival. Era um brinquedo da Estrela que ganhei quando tinha mais ou menos a idade do meu sobrinho, e eu absolutamente o adorava. Ele andava e carregava coisas e, ainda por cima, tinha um jogo do Genius no topo da cabeça. Lindo.

Contei isso a Joãozinho e tive o efeito esperado: seus grandes olhos brilharam e ele quis saber como era o robô. Fomos até o computador e eu busquei no Google Imagens alguma foto que mostrasse a ele como era aquele brinquedo incrível, que eu tanto gostava e que tanto me divertia.

Veio, então, a pergunta fatal: "Mas, tia Laine, onde está o seu robô?"

"Ué, João, joguei fora."

"Mas, por quê?" e o rostinho dele dizia que ele simplesmente não podia acreditar que eu tinha jogado fora algo tão maneiro quanto um robô!

Meio embaraçada, justifiquei que, ora bolas, já fazia mais de 20 anos que eu o havia ganhado, como tê-lo ainda? Ele estava quebrado, escangalhado.

A explicação não pareceu convencê-lo muito sobre a real necessidade de ter me despojado de brinquedo tão sensacional. E querem saber de uma coisa? Não convenceu nem a mim.

Criança sabe mesmo como nos deixar com sensação de culpa!

domingo, 15 de março de 2009

Xô, bagunça!

Infelizmente, eu sou uma pessoa muito bagunceira. Muito, mas muito mesmo! No momento estou no meu quarto e, olhando, nem eu acredito na bagunça que está isso aqui. Um desavisado que entrasse no quarto diria que deu ladrão aqui em casa.

Desde que passei a usar o laptop, a mesa do meu computador está tomada de papel. São correspondências que chegam para mim, contas para pagar, extrato do FGTS, uma pilha de documentos que eu não posso jogar fora, e que também não guardo num local apropriado.

Meu quarto tem duas camas, e a que eu não durmo virou depósito de roupas. É que eu tenho uma mania. Quando uso uma roupa para sair, dependendo do quanto de tempo que fiquei com ela no corpo, não a coloco para lavar. Dá para usá-la novamente. Só que ela já foi usada, então não dá para simplesmente guardá-la junto com as roupas limpas, cheirosas e intocadas dentro do armário. E o que faço? Crio meu próprio purgatório de roupas, que não merecem o céu do armário, nem o inferno da tulha de roupas sujas para lavar. É uma pilha que vai crescendo indefinidamente, até que eu não encontre mais aquele vestido preferido, aquela calça jeans linda, etc.

Nem preciso mencionar os livros que estão se empilhando porque minha estante já não comporta mais nada e eu só faço comprar mais e mais livros...

Esse domingo, se não perder o pique, dou um jeito nessa zona.

  • A foto que ilustra o post não é do meu quarto: ainda não cheguei neste nível. Mas quem sabe, com esforço e treino, eu não consiga?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Parla italiano?

Mencionei num post anterior que vou fazer um curso na Itália, mas não disse que essa viagem realiza dois grandes sonhos meus ao mesmo tempo: aprender italiano e conhecer a Itália, país que amo.

Ééééé, esse paraíso aí fica na Itália! Chama-se Capo Vaticano
e fica na Calábria, lá no sul do país (na pontinha da bota).

Não há um motivo racional para eu adorar a Itália. Que me conste, não tenho ancestrais italianos. Meu único contato com a cultura italiana aqui em casa eram os discos de música romântica que minha mãe colocava para tocar na vitrola (vitrola? agora me senti centenária).

No entanto, adoro a cultura latina, o jeito cantado de falar meio gritando, parecendo que está dando esporro, gesticulando - porque se fala italiano com o corpo todo. E não perdia um episódio de um programa de turismo-culinária que passava no People+Arts, chamado "Jornadas Italianas". O apresentador era uma rapaz bonito, que ia de norte ao sul da "bota" visitando paisagens deslumbrantes, comendo boa comida, bebendo bom vinho e grappa, e, por cima de tudo, andava a bordo de uma ferrari. Vejam bem, o cara era pago para isso! Impossível sentir mais inveja de um ser humano...

Bom, se não colocarem água no meu chope, parto para a Itália em maio e volto em junho. Não andarei de ferrari, nem comerei em restaurantes estrelados pelo Guia Michelin. Mas prometo me divertir horrores e, quem sabe, voltar falando uma ou duas coisas em italiano.

P.S.: fato é que já sei uma frase ou outra em italiano- uma delas sendo um palavrão. Tomara que este não me seja útil por lá!

terça-feira, 10 de março de 2009

Austrália

Eu gosto de história de amor. De filme de época. E de um pouco de ação. Então, não foi surpresa nenhuma eu ter gostado de Austrália, filme que reúne todos estes elementos.

Feito às custas do governo australiano para promover o povo, a cultura e as impressionantes paisagens daquele país, Austrália consegue sair do tom propagandista e entrega uma história realmente interessante, de amor entre opostos, preconceitos sociais e raciais, guerra, etc.

A sinopse: Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) deixa o conforto da Inglaterra pré-Guerra Mundial para encontrar o marido na fazenda deles nos confins da Austrália. Ao lá chegar, descobre que está viúva e que a fazenda está prestes a ser engolida pelo rei do gado de corte da Austrália, King Carney. Com a ajuda do bronco boiadeiro Drover (Hugh Jackman, do jeito que a mulherada gosta), ela vai reerguer o negócio deixado pelo marido, com tempo de sobra para se apaixonar durante o processo.

Em determinadas cenas, fica óbvio que Hugh se inspirou nos faroestes de Clint Eastwood para compor seu personagem, e verdade seja dita: consegue fazer um "bruto também ama" tão carismático quanto o rei do spaghetti western. Nicole Kidman ficou devendo um bom desempenho, e sua falta de expressões faciais suscita discussões sobre o limite a se impor em termos de cirurgia plástica.

Inspirador e inspirado: quem é quem?

Mas é o narrador da história, o pequeno Nullah (Brandon Walters), quem rouba a cena no filme. É um menino meio aborígene, meio branco, em uma terra e uma época em que não se pode ter incertezas: ou é, ou não é. O ator-mirim conseguiu se destacar e não se intimidou em contracenar com uma oscarizada (nem deveria; como disse antes, Nicole estava aquém da sua capacidade).

O único problema: o filme é longo demais. No afã de contar tantas coisas, as duas horas e meia de filme acabam pesando.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vem cá, eu te conheço?

Situações que só acontecem comigo.

Fui à Polícia Federal tirar meu passaporte, porque em maio vou fazer um curso de um mês na Itália. Estava eu esperando minha senha, quando entra no recinto uma "prima". Sim, era uma das moças que não necessariamente ganham a vida tão facilmente quanto o nome sugere, representante da profissão mais antiga do mundo, etc.

A mulher se encaminhou até minha direção e mandou um "Oi!" para mim, muito simpática. Respondi. Mas o "oi" dela mostrou-se mais do que um cumprimento educado: era um sinal de que ela me conhecia.

- Poxa, vi você outro dia na rua e você nem me respondeu! - ela me disse.

Cara de interrogação. Nunca a vi mais gorda ou mais magra na vida. Respondo:

- Mas eu não te conheço.

A moça ri, sem graça.

- Nossa, você é parecida com uma amiga minha.

Sinto que os outros na sala de espera estão me olhando e pensando: A) Que eu também sou da "vida fácil" e B) Que, ainda por cima, sou soberba e fico fingindo que não conheço minhas calégas de profissão.

Fazer o que, né? :D

Mais um selinho...


Este blog ganhou mais um selo, desta vez pela Janna, do Livros Pura Diversão. Obrigada, Janna!

Como de hábito, o selo vem com algumas regrinhas. São elas:

1 - Oferecer o selo a blogues que tem estilo de ser;
2 - Exibir a imagem do selo do prêmio em seu blog;
3 - Avisar, por comentário, os blogs que foram indicados por você.

Meus blogs de cabeceira são:

Jane Austen Club

Biscoito e Bolo

The one with the quotes

Romances in pink

Coffee and Movies

Shoujo Café

sábado, 7 de março de 2009

Brasil Medieval


Eu gosto de manter o Jujubas e Delicados um espaço alegre e ameno, para discutir minhas impressões sobre livros, séries, filmes e música. Por isso, às vezes, fica parecendo que eu sou uma alienada que vive embaixo de uma pedra. Mas, essa semana, uma notícia me atingiu de uma forma tão, tão profunda, que não vou conseguir escapar a comentar este assunto.

Uma menina de 9 anos foi sistematicamente estuprada pelo padastro. Acabou engravidando - de gêmeos, ainda por cima - e, para que esta criança não corresse o risco de morrer na sala de parto, médicos foram autorizados a realizar o aborto.

Agora, vem um velho imbecil excomungar os médicos e a mãe da menina por causa do aborto. Não o estuprador, esse continua católico. Estupro é crime menor para as leis de Deus. Matar uma mulher por dentro e deixá-la marcada para o resto da vida vale menos do que terminar uma gravidez de alto risco.

Essas coisas me dão nojo. Por pouco essa história não me leva ao choro - de pena, raiva, frustração, tudo junto. Pena da menina, por passar por uma situação já tão delicada, e ainda por cima ser julgada por algum arcebispo filho-da-puta. Raiva de, no Brasil, ainda existir uma mentalidade tão medieval: as mulheres são objetos que podem ser estupradas, usadas, espancadas. Isso não é pecado. E frustração de ver que muitos concordam com a atitude desprezível deste monstro de batina. "O estupro não foi de caráter violento" e outras barbaridades foi o que li nas páginas de comentários sobre a notícia. Impressionante!

Amanhã é o Dia Internacional da Mulher, e é uma ironia que o comentário infeliz da Igreja Católica tenha acontecido às vesperas desta data.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O príncipe maldito

Comecei a ler O príncipe maldito, de Mary del Priore, que é uma historiadora especializada em história do Brasil - mais especificamente, no Segundo Reinado. O livro conta justamente a história do final do reinado de D. Pedro II e todas as movimentações de tabuleiro para a sua sucessão.

D. Pedro II não teve filhos varões, apenas duas princesas: D. Isabel (a Redentora) e D. Leopoldina. As duas casaram quase ao mesmo tempo, mas foi Leopoldina quem teve o primeiro herdeiro - D. Pedro Augusto (o "príncipe maldito" do título), a cara do avô e seu inegável xodó.

D. Pedro Augusto, a cara do avô.

Quando D. Isabel finalmente teve seu primeiro filho, depois de mais de 10 anos de casamento, começaram as articulações políticas para que Pedro Augusto assumisse o trono brasileiro, em vez do filho da Isabel "carola" e do francês imundo (apelido "carinhoso" do Conde D'Eu). Pedro Augusto era o franco favorito da elite brasileira, enquanto D. Isabel tinha a lei de sucessão ao seu lado. D. Pedro II, homem de índole pacífica até demais, com problemas graves de saúde, assiste ao circo pegar fogo...

Adoro a forma de escrita da Mary del Priore porque ela contextualiza todo o processo, relatando fatos históricos, mas não deixa de fornecer um pedaço de cotidiano das figuras sisudas que conhecemos dos livros de História. São pessoas que amam, que choram e que sofrem desilusões como eu, você ou qualquer outro plebeu. O drama de D. Isabel para engravidar, de D. Pedro Augusto, órfão de mãe com apenas 6 anos (Leopoldina morreu de febre tifóide aos 23 anos) e afastado do pai alemão para ir morar no Brasil... são tragédias pessoais que forjaram a história do país. As cartas que Leopoldina troca com a irmã depois de casada são muito graciosas. Aqui vai um trechinho:

Minha querida Isabel

Como vai passando com seu maridinho? Eu estou em perfeita saúde assim como o meu. Eu vivo muito feliz com o meu Caro; Gusty [apelido do marido de Leopoldina] é excelente para mim. Eu faço tudo o que quero, ele quer, bem entendido, porque a vontade dele é a minha... Mon bien assorti époux — meu marido cheio de qualidades — tem feito lindas caças de pássaros... O tempo que passei sem Gusty pareceu-me compridíssimo. Adeus... saudades a D. Gaston e meus cumprimentos mais afetuosos aos outros.

Sua mana muito do coração e madrinha

Recomendo o livro com louvor.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Etiqueta no cinema

Estive no cinema hoje para ver "O curioso caso de Benjamin Button" mais uma vez (quem consegue recusar um convite dos pais para ir ao cinema?) e cada dia fico mais surpresa com a falta de educação das pessoas.

Apesar da sala estar vazia, a minha "boa" estrela fez com que uma senhora e uma moça sentassem praticamente do meu lado, apenas uma poltrona nos separava. O grande problema é que a tal senhora parece que resolveu levar para o cinema o biscoito que tivesse a embalagem mais barulhenta do mundo. Era um tal de créc-créc-créc de dar nos nervos. Além disso, a moça que a acompanhava resolvia fazer comentários durante o filme, em voz alta, como se quisesse ser ouvida lá no Afeganistão.

Gostaria de saber quando se perdeu a tal etiqueta do cinema, em que as pessoas ficavam quietas ao ver um filme e tentavam, a todo custo, abafar o barulho ao abrir um bombom, para não incomodar as outras pessoas. Acho que a culpa é toda da televisão: o povo se acostumou a ver filmes na sala de casa, à vontade, e agora acha que pode manter o mesmo comportamento na sala de projeção.

Nessas horas, lembro da figura do lanterninha, que era quem botava ordem mesmo no cinema. Esse era um emprego que não devia ter entrado em extinção. Hoje, em épocas de celular, ele faz uma falta danada!

Obs.: li em algum lugar que, na França, é proibido entrar na sala com essas embalagens barulhentas. Nem consigo imaginar quantos brasileiros engraçadinhos devem ter sido expulsos dos cinemas franceses...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Somos adultos

Neste fim de semana, tive um pequeno encontro com colegas de faculdade. Em 2009, nós vamos comemorar cinco anos de formados, e foi legal ver pessoas que eu não via este mesmo tanto de tempo.

Em cinco anos muita coisa acontece, e conosco não foi diferente: havia tanta novidade a participar a todos! Noivados, casamentos, compra da casa própria (me incluo nessa), emprego dos sonhos. Isso até suscitou um comentário de uma amiga: "Nossa, como somos adultos!"

E é verdade. A gente virou adulto. Com o bônus e - principalmente - o ônus que isso representa. Deu até saudade da época da faculdade...

P.S.: lembrei dessa história de adulto hoje porque acabo de baixar o programa da Receita Federal para declarar o Imposto de Renda. Quer coisa mais adulta do que isso?

Essa aí sou eu durante o
juramento de imposição de grau.