quinta-feira, 26 de março de 2009

China descobriu o Brasil

E a América, a Austrália, a Antártica... A afirmação é de Gavin Menzies, autor do livro que estou lendo no momento: 1421 - O ano em que a China descobriu o mundo. Oficial da Marinha Britânica, Menzies tem como hobby estudar cartas náuticas antigas. E foi durante esses estudos que ele descobriu a façanha chinesa: em 1421 - antes de Colombo, Cabral e Cook - uma enorme frota partiu da China com o objetivo de descobrir novos mundos, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve (tá, isso é a abertura de "Jornada nas Estrelas", mas se aplica ao caso). Voltaram em 1423, depois de terem circunavegado todo o mundo.

O livro assusta: é um catatau de 550 páginas em letra pequena. Mas o tema é tão interessante para mim que estou adorando. Acabo aprendendo um pouco sobre a história da China medieval e como ela estava avançada em comparação com a Europa no mesmo período. O imperador responsável por essa expedição marítima, Zhu Di (segundo da dinastia Ming), incentivou o intercâmbio cultural entre países da Ásia e da África, compilando um vasto conhecimento sobre ciências e astronavegação. Construiu a Cidade Proibida e transformou Pequim na capital do Império. Estimulou a construção naval e reformou a Grande Muralha da China, adicionando 1.400 km a sua já gigantesca estrutura.

Quem parte na expedição, como comandante da frota, é o eunuco de confiança de Zhu Di, Zheng He. Não sabia que existiam eunucos na China, muito menos que eles alcançavam postos mais prestigiosos do que simplesmente servirem de guarda para os haréns. E a forma que o autor descreve Zheng He está muito longe da imagem que costumo fazer de um eunuco:

Era uma figura imponente, mais alto do que Zhu Di. De acordo com alguns relatos, tinha mais de dois metros de altura, pesava mais de 100 quilos (...) Nas dobras de sua veste de seda branca, ele guardava um cofrinho cravejado de pedras que continha os restos murchos de seu pênis e seus testículos, fato este que lhe valeu o apelido de San Bao, "O Eunuco das Três Jóias".
Resumindo: comprei o livro para conhecer a história naval, mas ganhei um bônus - uma visão da sociedade e da política chinesa no século XV. Recomendo!

  • A foto é de um modelo de navio chinês típico desse período. Eles tinham, em média, 146 metros de comprimento. Só para se ter uma ideia da dimensão, a nau Niña, de Colombo, tinha apenas 11 metros!

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