terça-feira, 27 de julho de 2010

Resenha: "Alice"

Confesso que o lançamento de "Alice", do Tim Burton, acabou influenciando a minha decisão de ler este livro em julho. Em uma ótima promoção, comprei uma edição linda de Alice no país das maravilhas - Através do espelho, da Jorge Zahar, com as gravuras originais de John Tenniel e a tradução caprichada de Maria Luísa Borges (que ganhou o prêmio Jabuti por ela).

Apesar de ser uma história infantil, penso que os adultos talvez se divirtam mais com os diálogos completamente nonsense que Alice trava com os habitantes do país das maravilhas e do espelho. Porém, acho o livro altamente aconselhável a crianças, principalmente porque estimula o questionamento o tempo todo: se não é Alice a fazer as perguntas, são os seres que ela encontra pelo caminho que esgotam a paciência da menina com perguntas fora de propósito para a nossa lógica humana - mas cheias de sentido para eles.

Como fã dos Beatles, já sabia da influência de Lewis Carroll no trabalho de John Lennon, mas ao ler Alice, dá para visualizar perfeitamente componentes do estilo de Carroll em algumas músicas de Lennon. As letras de Lucy in the sky with diamonds, A day in the life  e I'm the walrus são exemplares para perceber essa influência.

Devo fazer um parênteses para elogiar essa edição caprichada da Jorge Zahar, que acertou em tudo: a capa dura, em amarelo, com forro em contrastante roxo; os tipos utilizados na diagramação, bem de acordo com o livro; a escolha do papel amarelado, sem aquele branco lavado que incomoda a vista; e o formato, em livro de bolso. Tudo nota 10!

Quanto ao conteúdo, me diverti muitíssimo. Quatro de cinco estrelas.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Marca da Copa 2014, que decepção

Ontem, com toda a pompa e circunstância que a ocasião pedia, o Brasil divulgou a marca da Copa 2014. Infelizmente, a papagaiada toda não deu para maquiar o simples fato de que a marca é horrenda e, principalmente, equivocada na simbologia que utiliza. Vamos lá.


1) As cores utilizadas. Tem coisa mais clichê, cômoda e preguiçosa que usar as cores verde e amarelo para representar o Brasil?

2) O objeto. As três mãos bizarras formam a figura da taça, ou seja, mostra a vitória, a premiação. Mas a marca de uma Copa do Mundo não deveria ser essa, e sim o jogo, o fair play. Afinal, a Fifa não se vangloria de que tem mais países associados que a própria ONU e propõe o esporte como uma forma de promover a paz entre os povos? Então não é a vitória (que pressupõe um perdedor) o que deve ser reverenciado na marca, e sim o próprio futebol.

3) Que jurado é esse? Quais as credenciais de figuras como Paulo Coelho, Gisele Bündchen e Ivete Sangalo para decidirem a melhor marca para a Copa de 2014? Essa eu não entendi.

O blog Magenta, do Globo Online, conta que a Associação dos Designers Gráficos do Brasil foi procurada pela Fifa para organizar um concurso nacional para escolher a marca, mas esse concurso acabou não se concretizando. Acredito que poderiam surgir resultados muito mais interessantes se houvesse esse concurso.

A propósito: a marca foi concebida pela agência África, entre 25 concorrentes. Todas as marcas foram elaboradas por agências.