sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dorian Gray é descendente de Willoughby

Continuo a leitura de O retrato de Dorian Gray e hoje tive uma surpresa ao ler o livro: Oscar Wilde faz uma clara referência a Razão e Sensibilidade, de Jane Austen, na obra, sugerindo que Dorian é descendente de Willoughby, o cafajeste do livro de Austen!

Trata-se do capítulo XI, no trecho em que Dorian Gray está visitando a galeria de retratos de seus antepassados. De repente, dois nomes muito familiares saltaram a meus olhos, e a proximidade com que eles foram escritos não deixa margem para dúvidas: não se trata de simples coincidência.

E George Willoughby, com seus cabelos empoados e seus fantásticos lunares? Como parecia malvado! Seu rosto era taciturno e escuro e sua boca sensual parecia arquear-se com desdém. Sobre suas mãos ossudas e amareladas, sobrecarregadas de anéis, caíam delicados folhos de renda. Havia sido um dos homens mais elegantes do século XVIII e grande amigo, em sua juventude, de lorde Ferrars.
Vamos às pistas:

1) Tá, em Razão e Sensibilidade, o primeiro nome de Willoughby é John. Mas George pode ser seu segundo nome (ou vice-versa). Willoughby não me parece ser um sobrenome comum;

2) Razão e Sensibilidade se passa no final do século XVIII;

3) Lorde Ferrars não poderia ser Edward, claro, que virou pároco, mas sim seu irmão, Robert Ferrars, que tinha aspirações políticas e acabaria herdando toda a fortuna da família.

Acho que as pistas são bem sólidas, não? Dorian Gray é descendente de Willoughby!

Quantos livros você já leu na vida?

Minha irmã desenvolveu um gosto tardio pela leitura, aos 23 anos. Quando ela começou a ler com mais assiduidade, teve uma ideia: anotar em um bloquinho todos os livros que ela já leu, uma lista com todas as histórias que ela leu na vida. Ela me contou sobre esse novo hábito, riu e disse: "Impossível você fazer essa lista, hein?"

E ela tinha razão. Eu sempre gostei demais de ler, e leio muito desde os 5 anos. Como vou lembrar agora, com 27, tudo o que eu já li em todos esses 22 anos?

Mas foi um desafio que eu me propus a fazer quando Paula me indicou o Skoob, uma espécie de rede de relacionamentos em que a base é o hábito da leitura: o que você está lendo, o que já leu e o que vai ler.

Primeiro, delimitei que só colocaria livros juvenis, nada de literatura infantil: é a partir da coleção Vaga-lume em diante. Depois, decidi acrescentar os livros que li para a faculdade e obras técnicas relacionadas à minha profissão.

A conta está em 201 livros. Acho pouco. Dureza vai ser lembrar dos livros que eu pegava na biblioteca da escola... era quase um por dia.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O curioso caso de Benjamin Button

Embora eu tenha criado esse blog para falar sobre música, literatura e cinema, pouco tenho escrito sobre este último tema. Para falar a verdade, o post anterior, sobre os oscars, foi o primeiro sobre a Sétima Arte desde a mudança do J&D para o Google/Blogger. Bem, isto vai mudar e pretendo ir ao cinema pelo menos uma vez por semana, para poder fazer uma resenha dos filmes que vi.

Ontem fui ver O curioso caso de Benjamin Button e, de cara, fiquei impressionada com a sala do cinema lotada. Desde a época em que eu era criança eu não via o cinema tão cheio quanto ontem. Acredito que tenha sido a junção feriado - Oscar o que elevou o interesse sobre o filme, quase fora de cartaz no Rio.

De fato, Brad Pitt mostrou que sabe atuar. Na estranha história do homem que envelhece ao contrário, imagine a dificuldade (semântica, até) de interpretar uma criança de sete anos que tem a aparência (e a voz, trejeitos, movimento corporal, etc) de um velhinho de 80? Não é um trabalho fácil e ele merece todo o aplauso que conquistou com o filme (aliás, mais um parêntesis: a maquiagem realmente é esplêndida e mereceu o oscar que ganhou).

Começar esta resenha falando sobre técnicas de atuação e maquiagem é ser um pouco injusta com a beleza da trama em si, narrada de forma bem competente no filme. Sua premissa já daria uma boa história de sci-fi, com várias cenas com cientistas loucos criando fórmulas mirabolantes para o protagonista. No entanto, este filme se aprofunda nas relações humanas e não foca o "problema" de Benjamin Button, mas o efeito que ele tem nas pessoas em sua volta. Quando finalmente pode ficar com sua amada Daisy (Cate Blanchett em atuação protocolar), o que Benjamin Button pode esperar para o futuro? O rejuvenescimento constante o levará inevitavelmente a uma condição de constante dependência da parceira. E como uma mulher bonita, vaidosa, poderia manter a sanidade ao ver suas rugas aumentando, enquanto seu companheiro fica jovem a cada dia?

No quesito atuação, vale destacar também o belo trabalho da até então desconhecida Taraji Henson, que faz a mãe adotiva de Benjamin. Sua Queenie é um misto de fortaleza e meiguice, coisa difícil de acertar a mão.

O filme é longo para padrões atuais - 2h27 - mas não se vê a hora passar, de tão bom que ele é. É dirigido por David Fincher que, com mais este filme (além de Seven e Clube da Luta), prova que sabe extrair atuações convincentes do maior galã de Hollywood no momento, ator dado a canastrices como Encontro Marcado e Tróia. Que a parceria se prolongue, para o bem de todos e felicidade geral da nação! Amém.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Um oscar para Kate Winslet

Acabei não vendo a cerimônia do Oscar deste ano (embora sempre veja a premiação, todos os anos), e perdi, a vivo e em cores, o anúncio do prêmio para uma das minhas atrizes preferidas, Kate Winslet.

Foram seis indicações em 10 anos, talvez a maior quantidade de indicações que uma atriz tenha recebido em tão curto espaço de tempo. A justiça tardou, mas não falhou: finalmente, pude vê-la (no Youtube) subindo ao palco e dando um dos discursos mais fofos do Oscar nos últimos anos. O trecho em que ela pediu para o pai assoviar para saber onde ele estava foi lindo.

As indicações da Kate Winslet (ano - prêmio - filme - personagem):

1996 - Melhor Atriz Coadjuvante - "Razão e Sensibilidade" - Marianne Dashwood
Para mim, foi onde Kate teve o oscar roubado. A vencedora, Mira Sorvino (por "Poderosa Afrodite") não era atriz coadjuvante do filme e seu trabalho não foi lá essas coisas. Nessa aí, o que valeu foi o prestígio de Woody Allen.

1998 - Melhor Atriz - "Titanic" - Rose DeWitt Bukater
O blockbuster não exigiu nada da Kate como atriz. A vitória daquela noite (Helen Hunt, por "Melhor é Impossível) só foi injusta por causa de Judi Dench, que merecia mais.

2002 - Melhor Atriz Coadjuvante - "Iris" - Iris Murdoch jovem
Quem arrebatou o oscar foi Jennifer Connoly, por "Uma Mente Brilhante", filme que teve lobby fortíssimo naquele ano.

2005 - Melhor Atriz - "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" - Clementine Kruczynski
Em minha opinião, um dos melhores trabalhos da Kate Winslet. Mas ela teve o azar de concorrer com Hillary Swank, por "Menina de Ouro" - e, óbvio, saiu mais uma vez de mãos abanando.

2007 - Melhor Atriz - "Pecados Íntimos" - Sarah Pierce
Outro ano de fortes candidatas, principalmente Helen Mirren, que incorporou a rainha Elizabeth II em "A Rainha" e levou o boneco pra casa.

2009 - Melhor Atriz - "O Leitor" - Hanna Schmitz
As concorrentes: Anne Hathaway (muito verde ainda), Meryl Streep (quem aguenta mais uma indicação da Meryl? Eu já estou de saco cheio...), Angelina Jolie e Melissa Leo (para cumprir a cota de filmes independentes). Tudo confirmava que este era o ano de Kate.

Espero que este seja apenas o primeiro de muitos. Way to go, Kate!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O retrato de Dorian Gray

Finalmente comecei a ler O retrato de Dorian Gray, livro que está na minha lista de leitura há três vergonhosos anos.

Oscar Wilde em pose de Dorian Gray

Tá certo que, até o momento, só li o primeiro capítulo, mas digamos que ele não "desceu redondo". Não sei se foi o fato de a tradução pomposa de Enrico Corvisieri (*cof, cof* Oscar Mendes *cof, cof*), cheia de vírgulas e orações de 10 linhas, ter dificultado um pouco o início do livro. Porém, é certo que grande parte da culpa recai sobre Oscar Wilde.

No diálogo inicial entre Lorde Henry Wotton e o pintor Basílio* Hallward, Wilde faz um esforço tremendo para tornar cada frase memorável, "quotable". Mas, ao mesmo tempo que realmente nos traz algumas pérolas, como a que citarei abaixo, torna o diálogo pouco fluido e muito forçado, decididamente inverossímil. Vamos ver como o romance se desenrola: se é precipitado julgar um livro por sua capa, também o é avaliá-lo por seu primeiro capítulo.

Ah, a citação que gostei vem da boca de Lord Henry:

(...) a verdadeira beleza acaba onde começa a expressão intelectual. A intelectualidade é em si mesma um exagero e destrói a harmonia de qualquer rosto. Desde o instante em que alguém se senta para pensar, torna-se todo nariz, ou todo fronte ou alguma outra coisa assim horrível.

*Que diabo de nome é esse para um inglês? Aposto 1 libra que no original o nome do sujeito é Basil. Mania besta de traduzir nome! Se vai fazer assim, porque então não traduziu o "Lorde Henrique"? Eu, hein...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Carrocinha de doces

Quando eu era criança pequena lá no Rio, eu morava em uma rua sem saída, com pouquíssimo tráfego de automóvel. Mesmo assim, como eu morava em um prédio com playground, nossa mãe só permitia que brincássemos lá. E nós brincávamos de tudo naquele pequeno espaço - o play era pequeno, ao contrário dos plays nos prédios mais novos, que tem parquinho e o diabo a quatro.

O play era no térreo e, então, a gente podia ouvir bem distintamente a buzina da carrocinha de doces passando na nossa rua. Aquilo era o buraco negro da nossa mesada, sem dúvida, porque somos loucos por doce aqui em casa, um bando de formiguinhas.

Eu saía correndo para a rua atrás do moço da carrocinha de doces para comprar Dip'n'lik, Lollo, chocolate Surpresa, Chokito, cigarrinhos de chocolate Pan, drops Pakera, pipoca rosa, chiclete Ploc com figurinha de monstro, Minichiclets da Adams, Bolin Bola* (que foi o chiclete com o qual aprendi a fazer bola, na frente do espelho do armário da mamãe, em um desses dias de compras com o moço da carrocinha). E tinha ainda a laranjinha, um refresco de laranja que as carrocinhas de doce vendiam e que era anilina pura. Minha mãe nunca deixava eu comprar esse refresco na saída da escola, mas quando o moço passava na nossa rua, sem a supervisão dela, eu tomei um desses escondido, só para depois reconhecer que minha mãe tinha razão e que o "suquinho" era uma bela porcaria.

Mas, um dia, o moço da carrocinha de doces sumiu da minha rua - o que foi bom em um ponto, porque pude economizar minha mesada para comprar uma boneca que chorava "mamãe" toda vez que eu a deitava.

Hoje em dia, essas carrocinhas são raridades, nunca mais vi nenhuma. Ouvi dizer uma vez que há uma lei que proíbe carrocinhas de doce a tantos metros da saída das escolas.

Honestamente, tenho pena dessa infância de hoje.

*Update: como pude esquecer de mencionar as deliciosas balas Jujubas e Delicados, que deram origem ao nome deste blog? Ato-falho imperdoável, com certeza.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Chega de saudade

Estou lendo Chega de Saudade - A história e as histórias da Bossa Nova, do Ruy Castro, e estou gostando bastante. O texto é divertido e flui legal.

Ainda estou no comecinho, no trecho que relata como João Gilberto veio parar no Rio de Janeiro para ser crooner de um grupo vocal, os Garotos da Lua. Eu não gosto de João Gilberto, acho a voz dele muito anasalada. Jamais poderia imaginar que ele foi um crooner (e bem-sucedido!) de um grupo vocal. Está sendo muito interessante descobrir essas coisas a respeito dele.

Tem um pedaço engraçado que fala sobre quando João Gilberto veio para o Rio integrar os Garotos da Lua, que eram regulares na Rádio Tupi e, portanto, uma oferta irrecusável para o rapaz que queria ser um cantor famoso, um novo Orlando Silva. Como o serviço não daria verba o suficiente para ele se sustentar, sua família, bem relacionada, arranjou-lhe um emprego no gabinete de um deputado federal. Mas nem como funcionário público fantasma o João Gilberto deu certo! O trecho:

A carta de recomendação de tio Walter a outro tio seu, o deputado baiano Rui Santos, casado com uma irmã de sua mãe, valera a João Gilberto um cargo remunerado como escriturário no gabinete deste, na Câmara dos Deputados do Distrito Federal, no Centro (...). Ele foi contratado, mas a carta esquecera-se de acrescentar que o novo funcionário não teria a obrigação de comparecer ao trabalho. João esquecia-se de cumprir até o dever mínimo do funcionário exemplar: pendurar o paletó no cabide, ir à vida e passar para recolhê-lo ao fim de cada expediente. Um ano depois de nomeado, quando a ausência de seu paletó no cabide começou a ficar excessivamente conspícua no Palácio Tiradentes, tiveram de demití-lo.
E uma trilha sonora apropriada para este post:

Joao Gilberto(Tom Jobim/Vinicius) - Chega de Saudade

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Inadmissível

Vejam bem a foto que está neste post. Viram? Pois memorizem bem, porque nunca mais veremos este rosto do jeito que ele está nesta fotografia. Pode-se contratar os melhores cirurgiões plásticos do mundo, que as marcas da violência doméstica persistirão.

A moça é uma cantora seguida por uma multidão de jovens que imitam desde seu figurino até a maquiagem, enquanto cantarolam seus últimos sucessos. Namorava outra estrela, um rapaz cantor de rap de relativo sucesso nos EUA.

Parecia um conto de fadas forjado no universo deslumbrante de Hollywood. Mas, na última semana, o disfarce caiu e o mundo conheceu a verdade nua e crua: a moça apareceu com a cara deformada por hematomas e feridas, provocadas pelo namorado famoso.

A triste ocorrência serviu para acabar com qualquer preconceito de que violência doméstica só acontece nos lares mais pobres. No entanto, reforçou a lamentável verdade de que essa violência ainda acontece, em todos os níveis sociais. Estamos em pleno século XXI, e ainda existem mulheres acuadas e humilhadas por aqueles que elegeram como companheiros e de quem esperavam amor e carinho, não socos e pontapés.

Isso é lamentável. Execrável. Repugnante. E absolutamente inadmissível.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Prêmio Dardos


A Adriana, do blog Jane Austen Club (e a Karlinha, do Coffee and Movies), me indicou para o prêmio Dardos, que tem a seguinte descrição:

"O Prêmio Dardos se reconhece os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais etc., que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras."

A regras são:

1- Aceitar exibir a imagem.

2- Linkar o blog do qual recebeu o prêmio.

3- Escolher 15 blogs para entregar o Prêmio Dardos

Eu não conheço tantos blogs assim, mas os que eu leio regularmente são:

1) Jane Austen em Português
2) Jane Austen Club
3) Flanela Paulistana
4) Biscoito & Bolo
5) Os livros da minha estante
6) Engrish.com
7) People who deserve it
8) Idolising Jane
9) Coffee and Movies
10) Shoujo Café
11) Romances in Pink

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mas que erda!

Já há algum tempo, para postar algum link no Orkut você tem que fazer uma verificação, escrevendo um texto randômico que o site gera. Não sei se estou sozinha nessa, mas eu tenho o hábito de ver se esse texto faz sentido - e, às vezes, faz.

Hoje fui postar algo lá e o texto gerado foi esse aí embaixo:



Nem se eu quisesse montar um troço desses no Photoshop ficaria tão bom!

6 coisas aleatórias sobre mim

A Tonks, de Romances in Pink, me indicou para esta brincadeira de meme (que eu nunca ouvi falar na minha vida).

Parece que tenho de obedecer a 6 regras:

1. Linkar a pessoa que me indicou.
2. Escrever as regras do meme no meu blog.
3. Contar 6 coisas aleatórias sobre mim.
4. Indicar mais 6 pessoas e colocar os links no final do post (não acompanho tantos blogs assim, terei que quebrar essa regra).
5. Deixar a pessoa saber que eu a indiquei, deixando um comentário para ela.
6. Deixar os indicados saberem quando eu publicar meu post.

Bem, seis coisas aleatórias sobre mim. Vamos lá:

  1. Eu amo Paul McCartney.
  2. Tenho um cachorro de quase 17 anos.
  3. Estou escrevendo um livro.
  4. Sou alérgica a metal.
  5. Se não fosse brasileira, queria ser italiana ou inglesa.
  6. Adoro resolver problemas de Sudoku.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

"Ô, gostosa!"

Não há coisa que desperte sentimentos mais contraditórios do que ouvir alguém te chamando de gostosa no meio da rua.


No geral, a gente se empertiga toda e faz cara de importante, de quem está acima destas demonstrações grosseiras de tesão masculino. Mas e se a moça passa em frente a uma obra cheia de peão e nenhum deles faz comentário? A mulher entra em parafuso, achando que está feia, gorda e velha, que precisa perder aqueles eternos três quilos, etc, etc, etc.

Gostosa, norinha que mamãe pedia a Deus, avião, não importa o predicado: esse vem sempre acompanhado de um puxão de ar, como se o sujeito estivesse chupando um canudinho invisível (um "ssssss" feito com os olhos apertados).

Eu achava que essa coisa de mexer com mulher na rua e esse puxão de ar fosse coisa de brasileiro ou, no máximo, da cultura latina. Mas acabo de ter uma surpresa ouvindo o "Rubber Soul", dos Beatles.

Há uma música do Lennon no disco, "Girl", em que ele faz esse puxão de ar! É no refrão da melodia, que diz "Oh, giiiirl (puxão de ar)".

Querem ouvir? Veja aí embaixo se não é verdade:

The Beatles - Girl

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Can't take my eyes off of youuuu...

Estava voltando do shopping de ônibus e, uns bancos à minha frente, havia um casal de adolescentes que estava treinando para o campeonato de beijo mais longo do mundo. Eu olhei de relance eles começando a se beijar e pensei: "poxa, que bonitinho".

Dali a pouco, olhei de novo e os dois continuavam o beijo, como se o mundo ao redor deles não existisse. E aí ficou aquela situação chata: por mais que eu tentasse não olhar, mais eu dava uma espiada para ver se o beijo já havia acabado. E não acabava nunca... Saltei no meu ponto e os dois pombinhos enamorados (ou não, hoje em dia beijar/transar não é mais questão de afeto) continuavam se beijando.

O ponto de ônibus fica a alguns minutos da minha casa, e enquanto eu caminhava pela rua, fiquei pensando nesse casalzinho, tão novinho. Lembrando de como é bom ser jovem e ter todos esses hormônios em ebulição e toda essa sensação de não conseguir tirar as mãos um do outro... Amigo(a) leitor(a) do blog, confesso que há muito tempo não experimento uma sensação dessas e fiquei tentada a descolar um namoradinho ou peguete de 18 anos (no limite da legalidade, como diriam os advogados... :D).

O namoro adulto é definitivamente uma coisa sem graça: cada um pro seu lado, com sua vida. Não pode ligar todos os dias para saber como o outro(a) vai porque aí passa por pegajoso(a). Beijos intermináveis? Nunca mais: o lance é pular logo para os finalmentes. Depois de anos de convivência, a coisa toda toma formato de "união estável" e até um selinho antes de dormir se torna item totalmente dispensável na relação.

Se pudesse lançar um alerta à juventude, diria isto: aproveitem bastante a época dos beijos intermináveis. Porque um dia eles, infelizmente, terminam.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Tim Maia em desencanto

Na década de 1970, Tim Maia já fazia sucesso através de hits como "Primavera", "Azul da cor do mar" e "Eu amo você". Mas o soul-man brasileiro estava à procura de um sentido na vida e parecia tê-lo encontrado na seita Cultura Racional, do ufologista Manuel Jacinto Coelho.

A Cultura Racional prega que o mundo chegou à Fase Racional, a era do desenvolvimento do raciocínio, que, para eles, fica localizado na glândula pineal (???). A seita é fundamentada em uma coletânea de 1.006 livros chamada "Universo em Desencanto". O Tim Maia entrou de cabeça na ideologia e lançou, em 1975, os álbuns Tim Maia Racional, volumes 1 e 2. Por determinações da Cultura Racional, ele só andava de branco e teve que largar as drogas e o álcool.

Por que fiz essa introdução toda sobre o Tim Maia participar da Cultura Racional? Porque hoje fiz o download dos dois volumes do Tim Maia Racional. Tirando a maluquice das letras, as músicas são muito, muito boas. A faixa "Imunização Racional (Que beleza)" tem uma batida maravilhosa, um baixo fantástico. A voz de Tim Maia nunca esteve tão cristalina e sua potência vocal, tão marcante. Fico imaginando quantas pessoas foram atraídas para a Cultura Racional por causa desses soul-funk suingados de primeira linha!

O envolvimento do Tim Maia com a Cultura Racional não durou muito, apenas um ano. Ele diria mais tarde, em uma entrevista na televisão: "Esse negócio todinho de UFO, essas religiões, essas seitas, esse negócio todo, é tudo afim de grana, comércio".

O desencanto do Tim Maia com o "Universo em Desencanto" veio rápido, mas, felizmente, não a tempo de nos privar desse álbum maravilhoso. E viva Tim Maia Racional!

Para ouvir e/ou baixar: Imunização Racional (Que beleza)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Minha vida é o Código Da Vinci

Nos últimos anos, coisas estranhas têm acontecido comigo: pessoalmente, profissionalmente, yadda, yadda, yadda. Geralmente, coisas estranhas e ruins (porque há o estranho bom, sei que ele existe).

Minha forma de lidar com essas situações é dar uma de Robert Langdon e transformar minha vida no Código Da Vinci, tentando descobrir as pistas por trás dessas bizarrices: "Por que isso está acontecendo comigo? O que isso significa? Como posso crescer aprendendo com essa situação?"

O que gera esse comportamento é uma crença que eu fui adestrada a ter de que nada na nossa vida acontece por acaso, que tudo tem um propósito. Então, fico farejando qual o motivo dessas estranhas ocorrências: o que elas querem me mostrar? No que elas vão dar? Por que preciso passar por elas?

Mas, longe de ter o brilhantismo do professor de Simbologia criado por Dan Brown, eu só consigo chegar a uma única conclusão em minha batalha quixotesca para tentar ler o que Deus escreve em linhas tortas: só posso crer que Ele está de sacanagem comigo.

  • Foto: Please, help me, Professor Langdon!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

É dos narigudos que elas gostam mais?

Em termos gerais, sou uma pessoa absolutamente normal. Mas, só para não contrariar Freud, confesso que tenho um fetichezinho: homem narigudo. Sou fissurada por narizes grandes (nem eu mesma sei o porquê).

Mas também não é qualquer nariz grande, tem que ter um determinado formato. Deve ser aquilino, em um estilo romano, fino na ponta, com a ponte bem destacada. Três exemplos de narizes maravilhosos: Patrick Dempsey, Noah Wyle e Javier Bardem (a exceção na descrição que fiz, o nariz dele não é fino na ponta. Mas é uma coisa!).

Pensava eu que estava solitária nesta preferência, quando me deparo com uma comunidade no Orkut chamada "Eu adoro um narigudo". E, pasmem, com quase 2 mil integrantes!

Fiz uma pequena busca no Google para saber se há algo científico a respeito disso. E achei uma matéria de abril de 2008 sobre um estudo britânico publicado no Journal of Evolution and Human Behaviour em que concluiu-se que as mulheres percebem homens narigudos como menos propensos a um relacionamento sério e mais dispostos a sexo sem compromisso.

O que isso diz sobre mim? Que está biologicamente comprovado que eu não procuro por um relacionamento! kkkkk

  • Foto 1: Noah Wyle, como o Dr. Carter da série "ER".
  • Foto 2: O adorável perfil de Javier Bardem.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Problemas com o acordo ortográfico

Em geral, não sou uma pessoa resistente a mudanças. Deus sabe como minha vida tem sido uma movimentação danada nos últimos anos, e se eu não lidasse bem com mudanças estaria hoje internada no Pinel.

Mas esse acordo ortográfico que entrou em vigor este ano tem algumas resoluções equivocadas. Não falo nem da idéia estapafúrdia de tirar o acento de... ideia, por exemplo. Isso aí a gente vai levando. O problema é quando a reforma gera textos com significados diversos, como o que acabo de ler no Globo Online:

"Inglaterra: pior nevasca em 18 anos para os transportes"

Como todos sabemos (ou pelo menos a maioria), o novo acordo ortográfico achou por bem abolir o acento que diferenciava o verbo "pára" da preposição "para". Mas, e agora, José? O que o jornalista quis dizer com essa manchete? Que a nevasca foi péssima para os transportes? Ou que a nevasca parou os transportes?

Conto breve

Primeiro foram as mãos. Foi a primeira parte do corpo de Otávio que eu vi. Eram mãos de dedos longuíssimos e finos, como talos de margarida. As unhas, bem rosadas, se uniam em grupo, folheando uma revista com tanto cuidado que ela parecia o pergaminho mais antigo do mundo.

Depois, o sorriso. Alguma coisa na revista o fizera sorrir, e seus dentes eram bem brancos e alinhados. Os lábios eram normais, nem finos, nem grossos, mas bastante vermelhos. E como a boca estava ali, para notar seu nariz levemente adunco era um passo. E depois de notar o nariz, os olhos negros, de um negror tão forte que íris e pupila se fundiam.

E de novo os dedos, quando ele passou para a outra página. Eram dedos que combinavam deliciosamente com seus braços, também compridos. Às vezes, quando ele me abraçava, dava a impressão de que podia abraçar o mundo todo junto. Braços que se uniam nas minhas costas, dando um nó tão perfeito que pensei que nunca se desmancharia.

Mas se desmanchou. E agora, a última parte do corpo de Otávio que eu vi eram suas costas largas, caminhando decididamente para uma direção oposta a que eu queria que caminhasse.

  • P.S.: Já escrevi esse conto há algum tempo, e gosto muito dele.