De gênio irascível e com complicações de saúde devido ao vício em éter e a uma sífilis diagnosticada tardiamente, Heleno não tinha papas na língua e falava tudo o que lhe vinha a cabeça. Como uma amostra de como ele era boquirroto, segue um trecho do livro que exemplifica bem seu temperamento:
O Campeonato Brasileiro de 1946 foi decidido em março de 1947, com a seleção carioca desafiando a paulista no Pacaembu. O jovem pernambucano Orlando de Azevedo Viana - que por sua categoria refinada no meio-de-campo do Fluminense foi apelidado de Orlando Pingo de Ouro -, sentindo a pressão, se mostrava tímido em excesso no primeiro tempo. No vestiário, em vez de dar força ao estreante, Heleno esbravejou com o colega de equipe:
- Você não é Pingo de Ouro! É pingo de merda!
Para os jornalistas, foi mais comedido:
- Se ele é Pingo de Ouro, eu sou as cataratas do Niágara jorrando brilhantes.
O livro está repleto de histórias semelhantes, e não há como saber que sentimentos Heleno de Freitas nos desperta: raiva, desprezo, pena, comicidade? É um misto de tudo isso.
O fato é que a biografia é escrita de forma envolvente, uma leitura que prende a atenção. Apenas peca por se repetir em alguns momentos, mas a história incrível do biografado vale o pequeno esforço de relevar este pormenor.
Avaliação? 4,5 de cinco estrelas. Simplesmente perfeito para quem, como eu, adora a história do futebol brasileiro.
Em tempo: há rumores sobre a produção de uma adaptação cinematográfica dessa biografia, com Rodrigo Santoro como Heleno de Freitas. Torço para que isso se concretize! Seria um filme muito interessante.
Elaine, me sinto grato por teu belo comentário.
ResponderExcluirÉ muito bom saber que pessoas como você gostaram do meu livro.
Também espero que este filme venha com força, para trazer de novo à tona esse personagem fantástico, riquíssimo.
Grande abraço e considere-me desde já um amigo,
Marcos Eduardo Neves
me.neves@uol.com.br
Meu pai sempre falava neste jogador, parece ter sido mesmo um genio da bola. Desconhecia este lado controverso da sua personalidade.
ResponderExcluirQue interessante, não sou muito ligada ao futebol... mas você abriu meus olhos para isso, com sua resenha tão bem delineada sobre este "bad boy" do futebol.
ResponderExcluirbjus