domingo, 13 de dezembro de 2009

Música: Nick Drake

Apesar de Nick Drake não ser um nome muito conhecido no Brasil, é provável que muitas pessoas, sem saber, tenham ouvido algumas de suas músicas em algum filme. Os milhões de espectadores de A casa do lago, por exemplo, podem não ter se tocado que a bela música que embala um momento melancólico de Keanu Reeves na casa do título é justamente Pink Moon, uma das obras-primas de Drake.

Biografia

O inglês Nicholas Rodney Drake, que hoje é referência na música folk com suas composições belas e melancólicas, na verdade teve uma história de vida triste e sem qualquer reconhecimento. Sua curta discografia, de apenas três albuns - Five leaves left, Bryter Layter e Pink Moon - não teve a receptividade que sua genialidade merecia. Conta a lenda que a derrocada na venda dos discos foi tão acentuada que, após a conclusão do último album (que ele gravou sozinho, em duas noites, acompanhado apenas pelo engenheiro de estúdio), Nick Drake entregou as fitas-mestre no balcão da gravadora, colocou-as junto a uma recepcionista e saiu sem falar com ninguém. As fitas ficaram lá durante duas semanas, até que alguém as percebesse.

Portador de depressão clínica, Nick Drake jogava em suas músicas todas as angústias que os remédios não davam jeito. O resultado são canções belas demais para caber em qualquer peito, qualquer mente - e talvez por isso a geração anos 70, solar, floral, cheia de perspectivas, não tenha digerido muito bem isso.

Nick Drake era uma pessoa contraditória: apesar de sonhar com o sucesso como cantor, não conseguia se conectar com seu público e se recusava a participar de qualquer ação promocional. Segundo relatos, nos poucos shows que se propôs a fazer, mal dirigiu duas palavras ao público, parava o concerto muitas vezes para afinar o instrumento para tocar a próxima música. E foi assim, sem o sucesso que almejava, que o cantor-violonista-compositor suicidou-se acidentalmente em 25 de novembro de 1974, com apenas 26 anos.

O álbum preferido


Minha obra preferida do Nick Drake é justamente o último disco, Pink Moon, todo feito apenas em violão (exceção da faixa-título, que tem também um piano, tocado por ele).  Na primeira vez em que ouvi essas músicas, não pude tirar da cabeça a beleza crua de tudo aquilo, a poderosa força que invadia meu coração e fazia com que ele ficasse três vezes mais pesado (mais ou menos como o Grinch no Natal). Era tudo lindo demais para ser suportado, e sucumbi. Mas era um desabafo bom, que me fez bem, e eu quis ouvir mais. Quando escutei seu álbum mais trabalhado, Bryter Layter, me deparei com a maravilha que é Northern Sky e desejei muito que aquela música tivesse sido feita para mim.

Mais, não direi: porque falar sobre a música de Nick Drake é tentar explicar o que é Picasso, Van Gogh, Dali - não tem explicação, apenas coração. Ouçam e tentem me compreender:

Nick Drake na Last.fm

4 comentários:

  1. Elaine,
    Não conhecia mesmo, mas vou procurar algo dele para ouvir...
    Ah, já conhece meu blog de livros? Aqui: http://diarioleituras.blogspot.com/
    Bjos,
    Paulinha

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  2. Lindo o novo blog... Aproveitei para enviar minha inscrição no projeto 12 livros!

    Bjs!

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  3. "a poderosa força que invadia meu coração e fazia com que ele ficasse três vezes mais pesado (mais ou menos como o Grinch no Natal)" haha, gostei! Também não conhecia, vou procurar ouvir alguma coisa.

    Eu estou com muita vontade de assistir "500 dias com ela". Não só pela trilha sonora (que é muito boa, já ouvi inteira), mas pela Zooey Deschanel que eu acho linda, mesmo.

    Beijos.

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  4. Veja sim, e não só pela trilha sonora ou pela Zooey Deschanel (concordo, linda mesmo). O filme é excelente, e ousaria dizer, uma das melhores comédias românticas que já vi nos últimos anos.

    Bjs!

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