terça-feira, 9 de junho de 2009

A Condessa de Barral

Escuso falar de saudades, que são apenas mitigadas pelas cartas. Adeus e sempre, sempre - o seu P.

Com que olhos você quer que eu leia [suas cartas], estudando dobradamente com meu filho? [...] estou abarrotada de cartas suas!
Quem é P. e a quem ele dirige este recado apaixonado? E a quem ele está soterrando de cartas cheias de saudade?

P. é Dom Pedro II, e sua amada é a Condessa de Barral, tema de um maravilhoso livro de Mary del Priore: Condessa de Barral - A paixão do Imperador. (Mary é autora do livro O príncipe maldito, que recomendei em outra ocasião).

Não se poderia dizer que era uma mulher à frente de seu tempo (que expressãozinha batida!), mas Luísa Margarida Portugal e Barros era muito acima da média da época, de mulheres que recebiam o mínimo de educação possível só para não fazer feio em eventos sociais.

Educada na França com todo o rigor que dispensavam à educação dos homens, foi dama de companhia da Princesa Francisca, irmã de Dom Pedro II, quando esta se casou com um nobre francês. Esse foi o passaporte para que Luísa se tornasse preceptora das princesas imperiais brasileiras, Isabel e Leopoldina - e uma das mulheres mais influentes do Segundo Reinado.

Bonita, inteligente, articulada e extremamente culta, Luísa encarnava todos os ideais românticos de Pedro, casado por procuração com uma princesa austríaca feia e sem brilho algum. Durante toda a vida, Dom Pedro II procurou ser uma imagem oposta a do seu pai, mulherengo assumido que teve, conta-se, mais de 50 filhos fora do casamento. Sabe-se de poucos casos que teve, sempre discretos, mas, com Luísa, foi amor para a vida toda, mais de 30 anos juntos. E um amor que nem sempre se traduzia em manifestações carnais de afeto: era o bom e velho amor platônico, de reconhecimento de almas afins - embora, claro, acredite-se que eles chegaram mesmo às vias de fato. A troca de olhares e pisões de pé (forma de carinho comum em Portugal na época) aconteciam em frente mesmo das pupilas imperiais, com o máximo de disfarce que era possível a dois apaixonados.

Mais uma vez recomendo essa leitura!

Um comentário:

  1. A princesa Teresa Cristina,por casamento com D.Pedro II,Imperatriz consorte do Brasil D.Teresa Cristina de Bourbon e Bragança não era Austriaca como você escreveu e sim Síciliana.

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