domingo, 20 de setembro de 2009

Poe, o escritor alemão da Idade Média

Fazendo um tour pelos meus blogs de leitura diária, vejo um post da Raquel avisando sobre um congresso internacional que começa hoje em BH, em homenagem aos 200 anos de nascimento de Edgar Allan Poe. "Por que esse congresso não foi no Rio de Janeiro?!", foi meu primeiro pensamento.

Eu sou apaixonada pela obra do Poe. Meu primeiro contato com ele foi na sétima série, quando a professora de português passou como livro paradidático "O Escaravelho de Ouro e outras histórias", editado pela Ática. Contém algumas das histórias horripilantes de "Histórias Extraordinárias", o livro original do Poe: "O barril de Amontillado", "O gato preto", "A queda da casa de Usher", entre outros. Lembro de ter ficado muito assustada com "O gato preto" e logo elegi "O barril de Amontillado" como meu conto favorito.

Foi através do Poe que reacendi meu interesse por Sherlock Holmes: eu já gostava do detetive inglês por causa do jogo "Scotland Yard", da Grow, mas só fui ler os contos depois de ter conhecido o Poe, que foi o precursor do gênero policial. Sherlock é o herdeiro natural de Dupin, o detetive criado por Poe em "Os assassinatos da Rua Morgue" que, como Sherlock Holmes, recorre à dedução lógica para solucionar mistérios.

Muito bem, mas o que isso tudo tem a ver com o título maluco desse post? Bem, o título faz referência a uma história muito engraçada que aconteceu comigo envolvendo o Poe - história essa que conto agora.

Já adulta, ganhei de um namorado a obra completa do Poe. Na época estudante e estagiária, naquela contenção de despesas própria dessa fase da vida, adorei o presente. Eu morava no Rio e estudava e trabalhava em Niterói, gastava duas horas em transporte público para chegar do outro lado da poça. Com isso, eu lia muitos livros no ônibus e na barca, e as obras completas do Edgar Allan Poe eram perfeitas para esse propósito: como era um tomo único (e de dimensões pequenas também), podia levá-lo para ler no caminho para o trabalho.

Num desses dias de leitura no ônibus, um rapaz que vinha a meu lado resolveu puxar conversa:

"Poxa, você gosta mesmo de ler, né? Não largou esse livro nem por um instante..."

"Gosto" - foi minha resposta seca, porque detesto que me interrompam quando estou lendo.

Mas o rapaz não desistiu de puxar conversa comigo: olhou a capa do livro que eu estava lendo, leu o nome do autor e quis parecer entendido:

"Poe, é? Não é aquele escritor alemão?"

"Poe era americano", respondi, a título de elucidação.

"Ah...", fez ele, pensando um pouco. Porém, tentou mais uma vez:

"Era escritor da Idade Média, né?"

Não sei como o coitado do rapaz achou que haveria algum escritor americano na Idade Média, mas o esclareci que Poe não existia ainda na era medieval. Cansado de dar tanta bola fora, o cara simplesmente considerou:

"Acho que vou ler a obra dele também".

Espero sinceramente que o tenha feito.

Um comentário:

  1. Oi Elaine;

    Pois é, estranhei o título do post...
    Mas que história, cara doido...
    Poe é ótimo, conheci os escritos dele em 1990, não parei mais de ler. Gosto muito desses: "O corvo", "Demônio da perversidade", "William Wilson"...

    Bom início de semana pra você!
    Beijos :)

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