domingo, 12 de dezembro de 2010

Formatura

Uma de minhas fotos preferidas de quando eu era criança é uma foto da minha formatura do C.A. (como era chamada a classe de alfabetização, que hoje corresponde ao 1º ano do ensino fundamental). Tem uma foto com a minha mãe e outra com a minha madrinha. Eu, toda de branco, com o capelo branco, segurava o canudo junto com a minha dinda. (Logo descobri que o canudo estava todo em branco também, achei uma tremenda enganação, fiquei chateada com a escola!). Isso já faz [pausa para a conta] 23 anos.

Eis que, neste final de semana, os papéis se inverteram: era eu a dinda lacrimosa que assistia à formatura do seu afilhado no Jardim III (hoje não se faz formatura para o C.A....). Já no início da cerimônia, durante a execução do Hino Nacional, quando eu o vi empertigado, virado para a bandeira do Brasil e cantando o nosso hino, se embaralhando um pouco nas palavras mais difíceis, as lágrimas começaram a nascer em meus olhos e pensei: "Isso vai ser um problema!", rs. Cada gesto, cada palavra dita, o discurso emocionado das professoras, tudo fez-me ver como o nosso menino crescia, desenvolvia-se, tornava-se uma nova pessoa.

O formando, por sua vez, não se abalou; fez tudo conforme mandava o cerimonial, com a feição bastante compenetrada - bem diferente do jeito moleque que é sua característica mais marcante. Até na encenação de Natal que teve após a cerimônia, em que foi um dos ajudantes de Papai Noel, não se aproveitou da situação para fazer uma das suas, que sempre arrancam gargalhadas nossas e já o fizeram proclamar: "eu sou o cara mais engraçado da família!" (Quem haveria de contestar-lhe o título?).

Mas, terminada a pompa e a circunstância, ele logo transformou-se no Gui de sempre: correndo a tirar fotos com os coleguinhas de escola e, numa de suas traquinagens, tirar uma foto no colo de uma estátua, metendo-lhe o dedo pelo nariz acima. A dinda, a um canto, ainda enxugava as lágrimas.